Escrito por: Gabriel Valery, da RBA

Depois do pior mês, Brasil abre março com 255 mil mortos e maior média de vítimas

País vive o pior momento da covid-19 desde o início do surto, em março do ano passado. Média de mortes diárias indica 1.225, maior índice do histórico

Novo Hamburgo-RS/Comunicação

O Brasil ultrapassou hoje (1º) a marca de 255 mil mortos por covid-19, com o registro de mais 778 vítimas em um período de 24 horas. As informações são do são do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Às segundas-feiras, o registro de mortes e casos número tende a ser reduzido, devido ao descanso semanal de parte dos trabalhadores da Saúde em todo o país. A distorção tende a ser corrigida nos dias seguintes. Entretanto, esta foi a segunda-feira com maior número de mortos oficialmente notificados este ano.

O número total de vítimas do novo coronavírus é de 255.720 óbitos. Este é o pior momento do surto de covid-19 no Brasil, desde o início da pandemia, em março . A última semana foi a mais letal de todo o histórico, assim como o mês de fevereiro. Foram 8.224 mortos nos últimos sete dias e mais de 30 mil mortos no mês. Desde o dia 21 de janeiro o país tem média móvel, calculada em sete dias, acima de mil mortes diárias. Hoje (1º), o país alcançou novo pico, com 1.225 vítimas por dia, em média.

Curva ascendente

Em relação ao número de novos casos diários, também um novo recorde. Nos últimos sete dias, os contaminados por dia foram 55.977 em média. Nas últimas 24 horas foram mais 35.742 infectados, totalizando 10.587.001 desde março passado. A pressão no sistema de Saúde é realidade em todo o país. Com mais de 80% de UTIs lotadas, alguns estados e muitas cidades vivem situação de colapso, com o esgotamento de leitos.

Nesta tarde, a cidade de Porto Alegre divulgou que 100% dos leitos para covid estão ocupados e 187 pessoas aguardam vaga em uma UTI. Nas redes sociais há relatos de pessoas intubadas sem o acompanhamento de equipe médica. A situação se repete em outros municípios do interior do Rio Grande do Sul e também em todo o país. Em São Paulo, o número de internações por covid-19 cresceu 18% na última semana. Na sexta-feira (26), Brasília chegou a ficar com apenas um único leito de UTI disponível.

Bolsonaro e a covid

Enquanto a situação se agrava, o presidente Jair Bolsonaro segue reafirmando sua postura negacionista. Na última semana, ele atacou o uso de máscaras, promoveu mais aglomerações, criticou medidas de isolamento social e tentou passar a conta da covid-19 para prefeitos e governadores, que responderam em carta. Os gestores regionais apontam que Bolsonaro divulga informações distorcidas para fugir da responsabilidade.

Bolsonaro chegou a divulgar críticas ao isolamento social no Distrito Federal. Com 98% de UTIs ocupadas, o governador Ibaneis Rocha (MDB), aliado de Bolsonaro, decretou medidas rígidas de fechamento do comércio não essencial. Após intensa pressão e protestos de bolsonaristas, o Rocha recuou e flexibilizou o distanciamento.

A situação é crítica e a vacinação caminha com lentidão. Na tarde de hoje, a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) realizou uma reunião para articular uma comissão com a finalidade de articular a compra de vacinas sem influência do governo Bolsonaro. Estados também tentam adquirir mais vacinas, diante da lentidão no processo de vacinação conduzido pelo governo federal.

Vacinas

Até o momento, apenas 3,07% dos brasileiros receberam uma dose da vacina e 0,9%, as duas doses. Foram aplicadas 8,4 milhões de doses das vacinas CoronaVac e Oxford-AstraZeneca. Apesar da aprovação da vacina da Pfizer pela Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), na última semana, não existe nenhuma dose do imunizante disponível no Brasil. No ano passado, Bolsonaro recusou ofertas da empresa e dificultou o acesso do país aos imunizantes.

Enquanto isso o resto do mundo avança na vacinação. Já são sete semanas de recuo da covid-19 em escala global. Nos Estados Unidos, 2,3 milhões de vacinados por dia durante o fim de semana. A expectativa do governo do democrata Joe Biden é de vacinar 3 milhões de pessoas a cada um dos próximos dias. Já são 76 milhões de doses aplicadas das vacinas da Oxford-AstraZeneca e da Pfizer.

Também começou hoje a distribuição da vacina da Jansen (Johnson & Johnson) em território americano. Serão 20 milhões de doses da vacina até o fim de março. O governo já negociou 100 milhões de doses deste medicamento que tem eficácia em apenas uma dose.