Escrito por: CUT-RS
O deputado Cláudio Tatsch (PL), repetiu o pedido de vistas feito no dia 10 por Marcus Vinicius (PP), apesar do parecer favorável apresentado pela relatora, e atrasa a votação
Os deputados de direita estão debochando dos trabalhadores e das trabalhadoras que recebem os menores salários no Rio Grande do Sul, na medida em que impedem o reajuste deste ano do salário mínimo regional, que ainda não foi votado na Assembleia Legislativa.
Na reunião desta terça-feira (17) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado bolsonarista Cláudio Tatsch (PL) pediu vistas do Projeto de Lei (PL 290/2023), que prevê um reajuste de 9% para o chamado piso regional de 2023.
O apoiador de Bolsonaro repetiu o pedido feito na reunião do dia 10 pelo deputado Marcus Vinicius (PP), da base aliada do governo Eduardo Leite (PSDB), apesar do parecer favorável apresentado pela relatora, deputada Delegada Nadine, do mesmo partido do governador.
Eles já tinham participado da manobra realizada no dia 3, quando deputados aliados do governador não deram quórum, travando a tramitação da proposta na CCJ.
O projeto foi enviado com atraso pelo governador tucano em 22 de junho, sem regime de urgência, e ainda altera a data-base de 1º de fevereiro para 1º de maio.
As centrais sindicais reivindicam um reajuste de pelo menos 10,5% (inflação correspondente ao período do governo Leite) e a manutenção da data base em 1º de fevereiro.
A exemplo das últimas reuniões da CCJ, dirigentes da CUT-RS, centrais, federações e sindicatos de várias categorias lotaram o espaço da Sala Alberto Pasqualini, pressionando os deputados para que agilizem a votação do piso regional.
Nos últimos dois anos, os deputados empurraram o reajuste com a barriga e a votação só ocorreu em dezembro, favorecendo os empresários e prejudicando cerca de 1,5 milhão de gaúchos e gaúchos que recebem o piso regional.
O secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antônio Güntzel, saiu indignado da reunião da CCJ, protestando contra o novo adiamento da votação por causa do novo pedido de vistas.
“Mais uma vez, lamentavelmente, a bancada governista atendeu aos interesses da Fiergs e da Fecomércio. Pediram novamente vistas, não votaram e travaram o andamento do projeto de reajuste do mínimo regional”, criticou.
Para Antônio, “os trabalhadores ficaram no prejuízo outra vez. Diariamente eles estão tirando de quem ganha o piso regional um litro de leite e três pãezinhos”.
“Enquanto os deputados da base aliada do governador tomam café com as federações empresariais que defendem a extinção do mínimo regional, para os trabalhadores e as trabalhadoras falta leite e o pão para poder tomar café em suas casas”, comparou o dirigente da CUT-RS.
Para o presidente da Frente Parlamentar para debater o Piso Regional de Salários, deputado Luiz Fernando Mainardi (PT), o trabalhador que deveria estar com seu piso reajustado desde fevereiro, continua sendo prejudicado pelos partidos da base governista.
Ele reforçou o fato de que, sem o reajuste, estão tirando por dia um litro de leite e três cacetinhos da boca do trabalhador. “Isto representa o atraso dos setores empresariais do Estado, que não entendem que, quanto mais renda no bolso de quem trabalha, maior é o consumo e por consequência maior é a produção, as vendas e a geração de empregos”, destacou Mainardi.
Sem reajuste, o Rio Grande do Sul continua pagando o menor piso regional no Sul do Brasil. “No Paraná, desde 1º de janeiro o piso é de R$ 1.749. Em Santa Catarina, também desde 1º de janeiro, o piso é de R$ 1.521. Mas aqui no RS já estamos em outubro e continuamos com o piso de R$ 1.443, um deboche com a classe trabalhadora”, concluiu Antônio.