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Deputados discutem extermínio da juventude negra no RJ

Grupo da Comissão de Direitos Humanos faz debates nas favelas cariocas.

Publicado: 07 Julho, 2017 - 16h24

Escrito por: Mariana Pitasse, do Brasil de Fato

Midia NINJA
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Deputados também encontrão Rafael Braga, jovem negro preso em 2013, por portar pinho sol na mochila

Representantes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) estão no Rio de Janeiro para discutir o extermínio da juventude negra no estado. Entre quinta e sexta, dias 6 e 7 de julho, deputados estarão fazendo rodas de conversa nas favelas cariocas para apurar informações, além de um encontro com Rafael Braga, jovem negro que foi o único preso nas manifestações de junho de 2013, por portar em sua mochila garrafas de água sanitária e pinho sol.

A visita a Rafael acontece nesta quinta-feira (6) na Penitenciária de Bangu 2, onde está preso desde que recebeu a sentença definitiva, em abril deste ano. Ele foi condenado a 11 anos de reclusão. Para o deputado Paulão (PT-AL), presidente da CDHM, a pena é desproporcional e absurda, por isso, o caso de Rafael representa bem a decisão seletiva do poder judiciário.

“É um caso simbólico que merece atenção. Existem movimentos nacionais e internacionais pela liberdade de Rafael. A gente quer ouvir e mostrar que estamos acompanhando o caso. Cobrar das autoridades uma posição”, explica.

As outras conversas com movimentos de juventude, lideranças comunitárias e entidades de direitos humanos acontecem na sexta-feira (7). Uma delas, a partir das 10h, no Instituto Raízes em Movimento, no Complexo do Alemão. Em seguida, na Vila Olímpica da Mangueira, às 14h. No morro do Cantagalo a reunião acontece a partir das 16h, além da roda de conversa também acontecerá uma visita ao projeto Afrobetizar. O projeto trabalha com o protagonismo de negras e negros e alfabetiza crianças com essa perspectiva. Todos os educadores são negros.

“A situação da violência no Rio está se agravando. Estamos vendo os direitos humanos serem ameaçados cotidianamente. Não é um processo isolado da cidade, também acontece em outros lugares do país. Aqui, em particular, vemos a violência crescente dos agentes do poder público e a ausência de um governo que tenha liderança para coordenar esse momento social e político complexo”, acrescenta o deputado.

A partir das conversas com Rafael e também nas favelas, a comissão reunirá relatos para denunciar e enviar às instituições competentes, como Defensoria Pública, Ministério Público e Governo Federal.

Negros e jovens são as maiores vítimas

O Atlas da Violência 2017 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que homens, jovens, negros e de baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas no País. A população negra corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios.

Atualmente, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.

O Atlas mostra também que o assassinato de jovens do sexo masculino entre 15 e 29 anos corresponde a 47,85% do total de óbitos registrados no período estudado. “Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra”, aponta o estudo.

Edição: Vivian Virissimo