Escrito por: Redação RBA
Ação do Facebook é mais uma prova da existência de um mecanismo organizado, que opera desde as eleições, para espalhar desinformação nas redes sociais
Segundo o cientista político e membro do Instituto de Advogados Brasileiros (IAB) Jorge Rubem Folena, a derrubada pelo Facebook de contas e páginas ligadas ao clã Bolsonaro reforça a necessidade de acelerar os processos que correm no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Por trás da rede, o Facebook identificou funcionários dos gabinetes de Flávio, Eduardo e Jair Bolsonaro. Um desses funcionários se chama Tércio Arnauld Tomaz, atual assessor especial do presidente da República.
No TSE, são quatro ações que apuram os disparos em massa de notícias falsas, por meio do aplicativo WhatsApp, durante a campanha eleitoral de 2018. Se comprovados os crimes eleitorais, como resultado, a chapa Bolsonaro/Mourão seria cassada.
Segundo o próprio Facebook, as 88 contas e páginas tiradas do ar nesta quarta-feira (8) também operavam, desde as eleições, com o mesmo objetivo de disseminar a desinformação.
Segundo Folena, “o Facebook fez o que as instituições do Judiciário não fizeram”. “A fraude perpetrada na campanha, com mentiras por parte da chapa vencedora, foi de tal forma que induziu e contaminou todo o processo. Mais do que nunca, há elementos suficientes para o TSE cassar a chapa”, afirmou o analista, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual nesta quinta-feira (9).
O cientista e advogado diz que há provas documentais e testemunhais que apontam para manipulações durante as eleições. Ele destacou o depoimento da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) na CPMI das Fake News. Ex-aliada do clã Bolsonaro, ela deu relatos do funcionamento do chamado “gabinete do ódio” que opera nas redes sociais.
O empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro e ex-aliado da família, também relatou que, durante as eleições, agentes da Polícia Federal (PF) vazaram informações a respeito das investigações relativas ao esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Além disso, não apenas vazaram informações, como retardaram investigações, a fim de não prejudicar o desempenho de Bolsonaro na disputa eleitoral.
No entanto, para Folena, é necessário pressionar para que o TSE atue com celeridade no julgamento desses processos. Caso a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão não ocorra até o final deste ano, não haveria a realização de novas eleições diretas. A partir do ano que vem, caberia ao Congresso Nacional, em eleição indireta, escolher o presidente que cumpriria “mandato tampão” até as eleições de 2022. “Me parece que é isso que tenta organizar o ‘establishment’, que não quer o afastamento de Bolsonaro agora”, afirmou.