Escrito por: Igor Carvalho

Desaparecimento de jovem ativista mobiliza a Argentina

Manifestações tomam as ruas de Buenos Aires exigindo o aparecimento de Santiago Maldonado, que teria sido levado pela Polícia Nacional. CUT se solidariza com a família e movimentos sociais argentinos

Imagem: Edson Rimonatto/CUT

No dia 1 de agosto deste ano, o argentino Santiago Maldonado desapareceu enquanto participava de uma manifestação do povo Mapuche, na província de Chubut. Desde então, a Argentina se pergunta: ”Onde está Santiago Maldonado?”.

Tudo começa quando a comunidade Mapuche é atacada durante o protesto contra a prisão de Facundo Jonas Huala, líder indígena, que é tido como preso político e tem sua extradição pedida pelo governo chileno por terrorismo.

A Polícia Nacional agrediu os militantes, ateou fogo em seus pertences e atirou balas de borracha na direção da manifestação. Entre os ativistas, estava Santiago Maldonado, que desaparece. Duas testemunhas afirmam que o jovem foi levado pela Polícia Nacional.

A campanha que pede o reaparecimento com vida de Maldonado que havia ganhado as ruas do país, ultrapassa as fronteiras e a Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou à Argentina um relatório sobre o caso.

No relatório encaminhado pela procuradora Silvina Ávila, a Argentina admite à ONU que Maldonado desapareceu "durante um procedimento realizado por uma força federal". A Ministra da Segurança argentina afirmou que não havia indícios de que o ativista estava na manifestação e tentou desconstruir a tese de “desaparecimento forçado”.

Na manifestação do último domingo, chamada por movimentos sociais e centrais sindicais, que reuniu mais de 30 mil pessoas nas ruas de Buenos Aires, capital da Argentina, o irmão de Santiago, Sérgio Maldonado, enviou um recado à Ministra. “Peço que dê um passo ao lado e deixe alguém capacitado assumir.”

Nas escolas do país, mais uma polêmica. Professores e estudantes aderiram ao movimento que pede o aparecimento de Maldonado. Porém, pais ligados a direita, pediram para o desaparecimento não seja debatido nas salas de aula.

A CUT acompanha o caso e manifestou apoio aos argentinos que se empenham na luta pelo aparecimento do jovem militante. “Estamos extremamente preocupados e solidários com a família e com os movimentos sociais da Argentina, após mais este caso de desaparecimento político que relembra os tempos sombrios da ditadura militar. O Estado argentino tem a obrigação de encontrar e devolver Santiago Maldonado, com vida, à sua família”, afirmou Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da Central.