Escrito por: Érica Aragão
“Os professores e trabalhadores convivem com medo de perder seus postos de trabalho e alunos e pais vivem com medo de não terem mais escola”, afirma presidenta do Centro de Professores do RS, Helenir Schürer
Salas de aulas lotadas, não homologação de turmas, fechamento de turnos e de escolas, dispensa e realocação de educadores, salários de docentes atrasados, falta de especialistas, fechamento de bibliotecas e desrespeito à gestão democrática são os principais problemas que a educação do Rio Grande do Sul enfrenta nestes 100 primeiros dias do governo de Eduardo Leite (PSDB).
“Estes 100 primeiros dias ficaram muito a desejar”, afirmou a presidenta do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS-Sindicato), Helenir Aguiar Schürer.
“Os professores e trabalhadores nas escolas convivem com um grande medo de perder seus postos de trabalho, assim como alunos e pais que estão com muito medo de não terem escola”.
Segundo Helenir, na campanha eleitoral o tucano disse que ia fazer diferente do antigo governador, José Ivo Sartori (MDB), mas ele está conseguindo ser ainda pior do que o emedebista.
“O que este governo fez de diferente nesses 100 dias do governo anterior? O governo anterior parcelou nossos salários por 37 meses, mas quase sempre pagava no último dia útil. Com Leite, já são três meses sem ninguém receber no último dia. A previsão é de que o pagamento de março comece a ser feito somente a partir do dia 10 de abril”, afirmou Helenir, ao se referir a um dos problemas listados pelo CPERS-Sindicato na nota sobre o caos na Educação do Estado.
A direção do CPERS, segundo ela, já havia se reunido por duas ocasiões com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) em março para tratar destes problemas. Também teve uma reunião com o próprio governador, na sede do CPERS. Mas, depois disso, não houve mais notícias de abertura das negociações.
CPERSNa avaliação da direção do sindicato, a “falta de planejamento da gestão atual e medidas arbitrárias tomadas pelas Coordenadorias Regionais (CREs) têm prejudicado estudantes e a qualidade do processo pedagógico em todo estado”.
A direção do sindicato aguarda há meses uma audiência com o governador para discutir os problemas, mas não recebeu resposta até agora.
“Lembro quando Eduardo Leite veio ao sindicato durante a campanha eleitoral e reafirmou sua disposição de diálogo, mas isso não se concretizou”, disse Helenir.
Nesta terça-feira (09) ao mesmo tempo em que Helenir falava com o PortalCUT o governador do Estado reunia jornalistas para uma coletiva de imprensa sobre os 100 dias de governo. Ele destacou que o foco principal do governo nos primeiros meses e para o futuro é a racionalização das despesas, as estratégias para alongar as dívidas e o projeto para modernizar as receitas.
Na avaliação da presidenta do CPERS-Sindicato, o que o governador disse, em resumo, é que vai arrochar e tirar direitos dos servidores para economizar, ou como ele disse para imprensa na linguagem usada pelos tucanos em todo o país, racionalizar as despesas.
CPERS“O governo que não nos recebe é o mesmo governo que vai para mídia apresentar propostas que atacam nossos direitos”, disse Helenir.
Uma delas, segundo a dirigente, é que o Estado pretende que todos os contratos sejam fechados por tempo determinado, deixando educadores e educadoras sem férias remuneradas, sem garantias de trabalho e sem salário nos meses que antecedem o início do ano letivo.
Para piorar ainda mais a situação, nota no site do sindicato revela que há relatos de substituição de professores e professoras concursadas por contratadas, um procedimento sem qualquer respaldo técnico ou legal. Essa substituição tem um só objetivo: reduzir direitos e salários.
“A escola pública atende mais de 80% dos estudantes do Rio Grande do Sul. Não é possível que, além de trabalhar com salários atrasados há quase 40 meses e congelado há mais de quatro anos, não tenhamos o mínimo de tranquilidade para desenvolver o processo educacional e garantir a qualidade do ensino”, destaca o trecho da nota do CPERS-Sindicato.
No próximo dia 12 de abril, a categoria realiza assembleia geral a partir das 13h na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre, para debater os problemas que a Educação vem enfrentando neste novo governo e aprovar a pauta de reivindicações, com destaque para a questão salarial.