Escrito por: Tatiana Melim

Desemprego sobe 10,2% em 3 meses, chega a 12,7% e atinge 13,4 milhões de pessoas

É a maior taxa de desemprego desde o trimestre encerrado em maio de 2018, quando a taxa ficou em 12,7%. A subutilização bateu recorde e atinge 28,3 milhões de trabalhadores, desses 4,8 milhões são desalentados

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Em apenas três meses do governo de Jair Bolsonaro (PSL), o número de desempregados no país cresceu 10,2% e a taxa subiu para 12,7% no trimestre encerrado em março. No total, 13,4 milhões de trabalhadores e trabalhadoras estão desempregadas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na manhã desta terça-feira (30).

A maior taxa de desemprego desde o trimestre terminado em maio de 2018, quando o percentual também ficou em 12,7%, pode ser um dos reflexos da falta de investimentos públicos. Só neste 1º trimestre de 2019 em comparação com o trimestre encerrado em dezembro, mais de 1,2 milhão de pessoas perderam os empregos, segundo o IBGE.

O governo Bolsonaro não tem um projeto econômico sólido para o país e os dados divulgados pelo IBGE refletem a falta de proposta efetivas para a retomada do crescimento, avalia o presidente da CUT, Vagner Freitas.

“Arrocho salarial e retirada de direitos, como Bolsonaro e seu posto Ipiranga Paulo Guedes vêm propondo, não geram emprego nem aquecem a economia. Assim como tirar o direito dos brasileiros se aposentarem no futuro também não vai gerar crescimento e geração de emprego”.

“O que gera crescimento econômico, entre outras coisas, é a volta do investimento do setor público, sobretudo em obras de infraestrutura que estão paradas. Não é o congelamento do investimento em saúde e educação que gera emprego, tampouco acabar com direitos trabalhistas”, reforça o presidente da CUT.

O governo precisa voltar a oferecer crédito acessível e barato, gerar emprego, salário e renda e não roubar a aposentadoria do trabalhador- Vagner Freitas

Subutilização é recorde histórico

A subutilização da força de trabalho atingiu recorde da série história do IBGE iniciada em 2012. Com um acréscimo de 1,5 milhão de pessoas em três meses, a taxa de subutilização chegou a 25% e agora são 28,3 milhões de trabalhadores desempregados, subempregados com menos de 40 horas semanais ou que não conseguem procurar empregos. É uma alta de 1,2 pontos percentuais em comparação com o trimestre anterior, encerrado em dezembro.

Desistiram de procurar emprego

O número de pessoas desalentadas, que desistiram de procurar uma vaga no mercado de trabalho depois de tanto procurar, subiu 3,9% (180 mil pessoas a mais) em relação ao trimestre anterior, atingindo 4,8 milhões de brasileiros. Em relação ao mesmo trimestre de 2018, são 256 mil pessoas a mais no grupo de desalentados, uma alta de 5,6%.

Já o contingente de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas se manteve estável em 6,8 milhões.

Cai número de emprego formal e informal

O número de trabalhadores ocupados, seja com carteira de trabalho e sem carteira, caiu no primeiro trimestre deste ano. Segundo o IBGE, os com carteira caíram 0,1% na comparação com o trimestre encerrado em dezembro, reunindo 32,9 milhões de pessoas. E os sem carteira assinada (11,1 milhões) cairam -3,2% em relação ao trimestre anterior (menos 365 mil pessoas).

De acordo com o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, a grande expectativa da retomada é quando o emprego formal, com carteira assinada, volta a crescer. “Esse vai ser o primeiro sinal de lanternas verdes no mercado de trabalho", destacou.

Trabalho por conta própria

A categoria dos trabalhadores por conta própria ficou estável na comparação com o trimestre encerrado em dezembro. São 23,8 milhões de trabalhadores e trabalhadoras nessa condição. Em um ano, no entanto, são 879 mil pessoas a mais trabalhando por conta própria, um crescimento de 3,8%.