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Desigualdade social aumentou com efeitos da inflação e redução salarial, diz Dieese

Técnicos do Dieese realizam jornada de debates, nesta quarta-feira (18), em que analisam a conjuntura da economia do Brasil, a partir da inflação alta, a queda de renda e o impacto para o trabalhador 

Publicado: 16 Agosto, 2022 - 16h41 | Última modificação: 16 Agosto, 2022 - 16h46

Escrito por: Rosely Rocha | Editado por: Marize Muniz

Reprodução
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Os efeitos da inflação e a falta de políticas para o combate à fome e para derrubar os preços dos alimentos aliados à queda de renda dos trabalhadores, são os principais entraves para que se diminua a desigualdade social e a economia volte a crescer, com geração de emprego e renda.

As causas da inflação, que tem aumentado a desigualdade social no Brasil, serão abordadas durante a “17ª Jornada Nacional de Debates do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese)”, a ser realizada nesta quarta-feira (18), a partir das 18 horas, no curso gratuito, online, da “Escola Dieese de Ciências do Trabalho”, com duração de algumas horas. Inscreva-se aqui 

Como um dos principais entraves para o fim da crise econômica é a inflação, especialmente a dos alimentos serão analisados os últimos índices como de julho deste ano, que teve deflação de 0,68%, após as medidas implementadas de modo apressado pelo governo federal para tentar reduzi-los, diante da possibilidade do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), não ser reeleito ao cargo, nas eleições deste ano.

“A redução da inflação não foi sentida ainda no bolso do trabalhador porque os preços dos alimentos não caíram. Ao contrário, em julho ficou em 1,31% ante 0,78% em junho. Por isso, que a queda nos preços dos combustíveis e a redução do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias], não afetaram positivamente a maioria dos trabalhadores”, avalia a técnica do Dieese, Adriana Marcolino.

Segundo a análise do Dieese, apesar da guerra entre Rússia e Ucrânia e do aumento dos preços dos commodities no mundo, a inflação no Brasil adquiriu características próprias que agravaram esse contexto, com a falta de políticas adequadas para produção de alimentos, de estoques reguladores e demais políticas de abastecimento.

“O problema é que no Brasil temos um governo que não tem políticas públicas para a alimentação. O governo deixou de ter estoques reguladores e não retira impostos da importação de determinados produtos”, diz.

“O leite, por exemplo, se você percebe que o preço interno não vai baixar, retire impostos de importação e compre o produto lá fora. Vários países têm feitos políticas neste sentido para que a sua população não passe fome, mas aqui é o lucro acima de tudo”, complementa Adriana.

Para ela, apesar de pressionado pelas pesquisas eleitorais, Bolsonaro não combateu a raiz do problema, como reverter a política de paridade de preços internacionais da Petrobras; investir em produção de alimentos e ter uma política mais assertiva em relação ao câmbio, em que o real está muito desvalorizado, entre outras.

Segundo Adriana, a deflação de julho não deve ser comemorada, ao contrário, mostra um cenário de guerra em que a população não tem renda para consumir e isso é ruim para toda a economia.

Dados do Dieese mostram que a partir do segundo semestre de 2020 a inflação começou a subir e não parou mais: saiu de 2,5% em maio de 2020 para os atuais 10,12% em julho deste ano, apesar da queda de 0,68 no mês passado.

“Em geral o movimento de inflação em alta, que estamos vivendo, ocorre com crescimento econômico robusto, mas neste momento, pela  queda na renda o trabalhador é penalizado pelos dois lados, com salários em baixa e com o seu poder de compra caindo”, conclui Adriana Marcolino.