Escrito por: RBA
De acordo com Felipe Nunes, analista da Quaest, o eleitor do ex-governador paulista do PSDB rejeita mais Bolsonaro (77%) do que o ex-presidente petista (62%)
A desistência de João Doria (PSDB), ex-governador de São Paulo, da corrida pela Presidência da República, nesta segunda-feira (23), pode beneficiar o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que fica mais perto de vencer no primeiro turno. A opinião é do cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes. Segundo o analista, “politicamente, Lula aumenta as chances de vitória no primeiro turno, com o voto útil, pois o eleitor do Doria rejeita mais Bolsonaro (77%) do que Lula (62%)”.
“Numericamente – na opinião de Nunes – não tem mudança significativa, porque Doria sempre apareceu com pouco voto (3% a 5%). Mas Ciro tem o maior potencial entre esses eleitores (54%), Lula tem potencial de 36% e Bolsonaro de 19%. Tebet é muito desconhecida.” O candidato do PDT segue igualmente com poucas chances de almejar alguma coisa nesta eleição.
Outra perspectiva, de um ponto de vista simbólico, de acordo com Felipe Nunes, é que a chamada terceira via “aumenta as chances de organizar sua tropa para tentar viabilizar uma opção fora da polarização”, já que “a coordenação das elites é fundamental para que os eleitores possam tomar decisões eleitorais”. Ele acredita que, “até aqui, a terceira via mais atrapalhou do que ajudou o eleitor”.
O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, disse nesta segunda-feira, em reunião de dirigentes dos partidos que apoiam a pré-candidatura de Lula, que acredita que o ex-presidente possa vencer no primeiro turno, o que exige a ampliação das alianças. “Esse é o nosso principal papel: ampliar aliança e fazer com que o presidente Lula possa ser candidato não só de um partido, mas de uma frente bem ampla para que a gente possa ganhar as eleições em primeiro turno”, disse Paulinho.
Na coletiva após o encontro, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, falou da preocupação com o papel do aplicativo de mensagens Telegram nas eleições. Ela manifestou a intenção de conversar com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a situação. “Espero que as instituições tomem medidas firmes (sobre fake news). Queremos falar com o TSE sobre Telegram. Vão ter regras ou vai ser terra de ninguém? Vai poder falar o que quiser e como quiser?”, questionou.
“Porque tem um momento em que nós somos vítimas, mas depois as vítimas passam a ser as instituições, como estão sendo o TSE e o STF. Então eles também têm responsabilidade”, acrescentou.
Depois de ser bloqueado, em março, pelo Supremo Tribunal Federal, por ignorar o Judiciário brasileiro, o Telegram publicou uma mensagem se desculpando. O fundador da companhia, Pavel Durov, culpou “um problema entre nossos e-mails corporativos e a Suprema Corte brasileira”.