Escrito por: Sindipetro-PR/SC

Dez trabalhadores morrem na parada de manutenção da Repar feita no pico da pandemia

Novos casos ainda podem surgir. Gestão da refinaria sonega informações sobre contaminações e falecimentos por Covid-19 durante o procedimento industrial, afirma Sindipetro

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Oficialmente, a parada de manutenção da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, no Paraná, que foi realizada apesar dos protestos dos representantes dos trabalhadores que temiam as consequências da pandemia do novo coronavírus, terminou no último dia 29, com a finalização do procedimento de partida da URE (Unidade de Recuperação de Enxofre).

E, mesmo com os protocolos sanitários exigidos pelo Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR-SC) que, sem dúvida, ajudaram a salvar vidas, mas infelizmente nem todas, dez trabalhadores morreram durante a parada de manutenção.

Na última sexta-feira (30), o trabalhador capixaba Leandro de Carvalho da Rocha, de 51 anos, contratado pela empresa Método Potencial, foi a décima vítima de Covid-19 que atuou na parada da Repar. Deixou um casal de filhos, de 17 e 14 anos.

As outras mortes foram de Rodrigo Germano, de 36 anos, em 22 de março; Marcos da Silva, de 39 anos, em 25 de março; Carlos Eduardo, de 45 anos, no dia 01 de abril; Valdir Duma, de 49 anos, em 14 de maio; Daniel Cristiano Müller, de 43 anos, em 15 de maio; Ernani Nunes, de 54 anos, em 01 de junho; Célio Alves da Cruz, de 55 anos, em 05 de junho; Luiz Carlos de Lemos, de 60 anos, em 23 de junho; e Alessandro Barbosa, de 41 anos, em 29 de julho. 

Iniciada em plena segunda onda da pandemia do coronavírus no Brasil, em meados de março, a parada adicionou mais dois mil trabalhadores à rotina de serviços da Repar. O Sindipetro Paraná e Santa Catarina foi contra a realização da manutenção industrial durante a crise sanitária e agiu em várias frentes para, senão impedir, ao menos mitigar os possíveis efeitos da decisão irresponsável dos gestores. A principal foi a deflagração de greve sanitária, entre os dias 12 e 16 de abril.

O movimento não conseguiu barrar a parada, mas foi importante no sentido de forçar a empresa a adotar medidas mais rígidas no combate à disseminação do vírus. Testagem no início da jornada de trabalho, que antes era feita apenas no final; reforço na higienização das áreas comuns, como vestiários, copas e estações de trabalho; controle da quantidade de pessoas nos acessos aos espaços confinados; fornecimento de máscaras PFF2; e intensificação de orientações por meio da comunicação visual foram alguns dos protocolos adotados no período pós-greve sanitária.

 

 

A parada de manutenção da Repar terminou, mas o número de mortes por Covid-19 ainda não está determinado. Podem surgir novos casos de eventuais internados ou até mesmo de pessoas que atuaram na manutenção, mas não foram contabilizados, pois a gestão jamais repassou informações sobre os números de contaminados ou falecidos, próprios ou contratados, ao Sindicato, em descumprimento ao acordo que colocou fim à greve sanitária, firmado no Ministério Público do Trabalho. Todos os casos registrados pelo Sindipetro PR e SC foram informados por companheiros de trabalho.

 

O Sindipetro PR e SC alertou insistentemente a gestão da refinaria e os órgãos governamentais de saúde de que a parada poderia ser adiada ou ao menos ter seu prazo estendido para envolver menos equipes nos trabalhos. A postura do Sindicato sempre foi de que essencial mesmo é a vida.