Escrito por: CUT-DF

DF: Distribuição de laranjas marca dia de luta contra a reforma da Previdência

Convocados pela CUT Brasília, trabalhadores e dirigentes sindicais distribuíram panfletos e laranjas à população neste Dia Nacional de Luta e Mobilização Contra a Reforma da Previdência

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O ‘Laranjal de Bolsonaro’ interrompeu a rotina de quem passou pela plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto, na tarde desta quarta-feira (20). Convocados pela CUT Brasília, trabalhadores e dirigentes sindicais distribuíram panfletos e laranjas à população neste Dia Nacional de Luta e Mobilização Contra a Reforma da Previdência, que mobilizou as principais capitais do país em protesto contra o fim das aposentadorias.

A ideia chamou a atenção e muita gente fez questão de parar para receber as frutas e conversar com os sindicalistas. “Eu sou contra a reforma da Previdência”, declarou Maria Lúcia, uma trabalhadora do comércio que se indignou ao saber das mudanças que ameaçam os benefícios sociais garantidos pela Constituição Federal. “O governo não pode mexer com os nossos direitos, isso é injusto. Ele foi eleito porque garantiu que cuidaria do povo e do país, e agora quer que a gente trabalhe até morrer. É um absurdo!”, completou a comerciária.

Sobre o ato, o secretário-geral da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues, explicou que as laranjas simbolizam as inúmeras denúncias que envolvem a família Bolsonaro e seus aliados, nesse curto governo que ainda nem completou dois meses. “O ‘Laranjal do Bolsonaro’ custa a sua aposentadoria, trabalhador e trabalhadora”, alertou o dirigente.

Mas, a criatividade não parou por aí. A atividade também contou com a participação de Bolsonaro Mulambo, um personagem alusivo ao presidente de extrema direita que anunciava o fim das aposentadorias, interpretado pelo dirigente do Sinpro e secretário de Política Social da CUT Brasília, Yuri Soares. “Trabalhador não vai aposentar mais. Não é político e não colocou a família toda na política como eu fiz, e se deu mal. Alguém tem que pagar a conta, né?”, satirizou o sindicalista.

Proposta da reforma da Previdência é entregue ao Congresso

A data escolhida para o Dia Nacional de Luta e Mobilização Contra a Reforma da Previdência também foi marcada pela chegada da proposta de Bolsonaro ao Congresso. O projeto, de 66 páginas, foi protocolado como PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 6/2019 e deverá ser analisada quanto a sua constitucionalidade pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Sendo aprovado na CCJ, passa para apreciação de um colegiado especial que avaliará seu mérito.

Entre outras crueldades, a PEC 6/2019 acaba com a aposentadoria por tempo de contribuição e cria uma regra única para se aposentar: a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65, para homens. Também altera o tempo mínimo de contribuição de 15 para 20 anos para uma aposentadoria, em média, com o valor de um salário mínimo. Além de estipular o prazo de 40 anos contribuindo ao INSS para que o trabalhador tenha direito a um benefício integral.

No caso do BPC (Benefício de Prestação Continuada), a maldade é ainda maior. O valor será reduzido para R$ 400 para quem tiver a partir de 60 anos. Somente ao atingir 70 anos de idade, o idoso terá o direito de receber um salário mínimo.

O secretário de Administração e Finanças da CUT Brasília, Julimar Roberto, reforçou o alerta para o modelo de capitalização da Previdência proposto por Bolsonaro, semelhante ao implantado no Chile.  “Naquele país, uma reforma igual ao que propõe Bolsonaro foi feita em 1981, durante a ditadura militar de Pinochet. Na época, a classe trabalhadora teve que aderir a um sistema de capitalização da Previdência – a uma Previdência privatizada -, que resultou no empobrecimento e na miséria dos idosos. Hoje, 37 anos depois, apenas metade dos trabalhadores e trabalhadoras chilenos conseguiu se aposentar e 91% dos aposentados recebem cerca de meio salário mínimo”, lamentou o dirigente.

Para o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT) e do Sindicom, Luiz Saraiva, o momento exige muita resistência e muita luta. “Precisamos de união para barrar essa terrível medida. Sindicatos, movimentos populares e toda a classe trabalhadora têm que se organizar e dizer não para essa proposta que acaba com um direito que é do povo brasileiro, o direito de uma aposentadoria pública. Vamos às ruas, ao Congresso, aonde for preciso, para que tirem as mãos da nossa aposentadoria”, concluiu.

Fonte: CUT Brasília