Escrito por: Redação RBA
Data celebrada nesta terça-feira levanta enfrentamentos vividos por trans e travestis mesmo diante do medo e da violência legitimada pelo Estado
O direito à vida, ameaçado pela violência contra milhares de transexuais e travestis no Brasil ainda centraliza os debates sobre essa população mesmo em datas como esta terça-feira (29), em que é celebrado o Dia da Visibilidade Trans, como observa Simmy Larrat, que preside a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT) e ex-coordenadora do programa Transcidadania, da prefeitura de São Paulo.
Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, Simmy afirma notar um aumento da hostilidade a partir, por exemplo, da narrativa do novo governo que, por meio de declarações e cortes em direitos, acaba por alimentar uma violência que mata a cada 48 horas uma pessoa trans, de acordo com o Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais de 2017. "O poder da palavra é muito forte e quando a palavra vem para legitimar a violência pela própria gestão pública, ela legitima a violência no dia a dia, em todos as esquinas do país", explica a ativista.
Apesar de serem constantes alvos desse discurso e do medo desencadeado por eles, Simmy ressalta que foi apenas a resistência da população T, mesmo diante de ameaças, que construiu a data de hoje. "Isso só foi possível porque nós enfrentamos o medo", diz. "A gente precisa transformar esse medo em luta e resistência, porque se não, continuaremos tombando e caindo no caminho. Só a resistência nos levará a vencer essa realidade", ressalta.
Para levantar o debate sobre a luta pela inclusão e pelos direitos de transexuais e travestis haverá, em diferentes regiões da cidade de São Paulo, atividades e debates. A programação, que se inicia hoje, vai até sábado (2).
"Trabalharmos para modificar esta realidade, ainda que a pequenos passos, é um de nossos objetivo", explica sobre a ação a coordenadora de Políticas para LGBTI, Bruna Svetlic.