Escrito por: Protestos e campanha exigem cumprimento da lei
Em 28 de fevereiro comemora-se o Dia Internacional de Prevenção às Lesões por Esforços Repetitivos (LER), doença que tem atingido diversos ramos de trabalho, com maior incidência entre trabalhadores do sistema financeiro. Em várias partes do país aconteceram atividades para lembrar a data e reforçar o combate a esta praga que atinge milhares de trabalhadores, causando, por vezes, incapacitação permanente para o trabalho.
Segundo dados do INSS, entre 2003 e 2005 foram emitidas 6.560 Comunicações de Acidentes do Trabalho (CAT) no setor bancário; porém o Sindicato em São Paulo, maior do país, acredita que o número de lesionados na categoria seja bem maior devido à subnotificação. O ritmo incessante de trabalho, a pressão para o cumprimento de metas e o estresse decorrente da atividade laboral fazem com que o sistema financeiro seja considerado de alto risco em relação a acidentes de trabalho. De acordo com a recente portaria assinada pelo governo, que estabelece o nexo epidemiológico causal, os bancos passarão a contribuir ao INSS com 3% (a partir de 2008) sobre a folha de pagamento em vez do atual 1%.
Páre 10 minutos - Para lembrar o dia 28 e fortalecer a luta contra ambientes de trabalho hostis, o Sindicato dos Bancários de São Paulo lançou nesta quarta-feira a campanha “10 minutos para você – Sua Saúde Vale Mais”, cujo objetivo é informar e conscientizar os trabalhadores sobre a importância da pausa de dez minutos para cada 50 trabalhados na prevenção de doenças ocupacionais e cobrar dos bancos a regulamentação da norma governamental. “Na década de 90 cobramos dos bancos que adequassem ergonomicamente o ambiente de trabalho. Algumas alterações foram feitas, mas não adianta mudar equipamentos e mobiliário se os hábitos e o ritmo de trabalho não forem mudados”, advertiu o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
A campanha se estenderá por cinco meses até o início e pretende servir de base para as discussões da campanha salarial nacional dos bancários. “Vamos buscar junto à Federação dos Bancos a aplicação da Norma Regulamentadora 17, prevista pelo Ministério do Trabalho”, diz o secretário de Saúde do Sindicato, Walcir Previtale. A NR 17 estabelece a obrigatoriedade de descanso de dez minutos a cada 50 trabalhados.
Protestos na Cargill – Não é apenas o setor bancário que sofre com os efeitos das LER e das Dort (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). A multinacional Seara Cargill, assídua freqüentadora das páginas de denúncia do Portal da CUT, é uma das campeãs em desrespeito aos direitos dos trabalhadores e em péssimas condições de trabalho.
Neste 28 de fevereiro, o sindicato de alimentação de Santa Catarina e a CUT-SC promoveram um ato em frente à sede da empresa em Itajaí, a exemplo do que ocorreu no ano anterior, em frente à unidade de Jaraguá do Sul. Outras entidades cujas bases também sofrem com o problema se juntaram ao ato, entre elas o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio, dos mobiliários e vestuários e metalúrgicos da região.
Segundo o presidente do Sindicato da Alimentação de Criciúma, Renaldo Pereira, “o dia 28 de fevereiro deve ser uma data para levantarmos a bandeira do basta a essa mutilação vergonhosa dos trabalhadores patrocinadas pelas multinacionais.”
Para o coordenador do INST-CUT (Instituto Nacional de Saúde do Trabalhador) e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Alimentação (Contac-CUT), Siderley de Oliveira, as LER/Dort “são doenças do capitalismo e da globalização, que promove o aumento de produtividade às custas da saúde do trabalhador. E preciso dar um basta nesta situação, e não apenas no Brasil, mas no mundo todo, não adianta acabar com a produção sem controle aqui no Brasil e continuar no continente Asiático. A indústria do frango, por exemplo (da qual a Cargill é uma das expoentes), nos últimos cinco anos aumentou 10 vezes o número de exportação, mas não aumentou sequer duas vezes o número de trabalhadores, a conseqüência é o aumento do ritmo de trabalho e conseqüente aumento do caso de lesionados”.
Previna-se - As LER/Dort são siglas que abrigam diversas doenças, tais como tendinite, tenossinovite, bursite, síndrome do túnel do carpo, entre outras e, segundo dados do INSS, são atualmente a segunda causa de afastamento do trabalho. Além de incapacitante profissionalmente, as LER causam muita dor e demandam longos períodos de afastamento para tratamento. A maior incidência da doença ocorre com trabalhadores (as) na faixa etária de 30 a 40 anos e o maior número de casos é registrado entre mulheres, que são mais vulneráveis ao surgimento das LER por conta de sua constituição física.
Veja abaixo os sintomas e como se manifestam as doenças mais comuns relacionadas às LER/Dort:
Tendinite - Inflamação aguda ou crônica dos tendões. Manifesta-se com mais freqüência nos músculos flexores dos dedos e geralmente é provocada por dois fatores; movimentação freqüente e período de repouso insuficiente.
Manifesta-se principalmente através de dor na região que é agravada por movimentos voluntários. Associados a dor, manifestam-se também edema e crepitação na região.
Tenossinovite - Inflamação aguda ou crônica das bainhas dos tendões. Assim como a tendinite os dois principais fatores causadores da lesão são; movimentação freqüente e período de repouso insuficiente.
Manifesta-se principalmente através de dor na região que é agravada por movimentos voluntários. Associados à dor, manifestam-se também edema e crepitação na região.
Síndrome de De Quervain - Constricção dolorosa da bainha comum dos tendões do longo abdutor do polegar e do extensor curto do polegar. quando friccionados, esses tendões costumam inflamar.
O principal sintoma é a dor muito forte, no dorso do polegar.
Um dos principais fatores causadores deste tipo de lesão está no ato de fazer força torcendo o punho.
Síndrome do Túnel do Carpo - Compressão do nervo mediano no túnel do carpo.
As causas mais comuns deste tipo de lesão são a exigência de flexão do punho, a extensão do punho e a tenossinovite - os tendões inflamados levam a compressão crônica e intermitente da estrutura mais sensível do conjunto que compõe o túnel do carpo: o nervo mediano.
Colaboraram: Vanessa Prates, estagiária de jornalismo e Nilson Antonio, de Santa Catarina