Escrito por: Érica Aragão

Dia Mundial do Meio Ambiente é marcado por denúncias e mobilizações nas redes

Enquanto nos chocamos com a escalada de mortes por COVID-19, as gerações futuras também são ameaçadas com ‘a boiada’ do governo de morte na Amazônia e biomas brasileiros, diz secretário do meio ambiente da CUT

Edson Rimonatto

Enquanto o país está desgovernado e milhares de brasileiros e brasileiras estão perdendo a vida pelo novo coronavírus (Covid-19), Jair Bolsonaro (ex-PSL) e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, estão preocupados em “desburocratizar” e liberar cada vez mais a exploração e o desmatamento da Amazônia e de outros biomas brasileiros. E assim ameaçar a vida do planeta e das futuras gerações.

Este é o contexto das denúncias e mobilizações que acontecem nas redes sociais nesta sexta-feira (5), no Dia Mundial do Meio Ambiente no Brasil, no dia de agitação que acontece em todas as redes sociais com a hashtag #PelaAmazôniaForaBolsonaro, convocado pela CUT, frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.  

As manifestações apenas nas redes  é para manter o isolamento social necessário durante o período da pandemia e preservar vidas.

“O governo Bolsonaro está destruindo as políticas ambientais, prejudicando toda a sociedade e, de forma mais intensa, povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas. O país bate recordes de desmatamento e o ministro Salles chegou a confessar que queria aproveitar a pandemia da Covid-19 para passar uma ‘boiada’ - ou seja, aprovar leis que afrouxam a fiscalização ambiental e beneficiam garimpeiros, grileiros e pessoas que cometem ilegalidades”, diz trecho da chamada da mobilização.

O texto faz referência a fala de Ricardo Salles, na reunião ministerial do dia 22 de abril, quando disse que era preciso ter “um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas".

O manifesto também critica o decreto publicado por Bolsonaro em maio deste ano, que transferiu a concessão de florestas públicas federais do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para a pasta da Agricultura (Mapa), e que apresenta um conflito de interesses prejudicial aos ecossistemas.

“Enquanto nos chocamos com a escalada das mortes por COVID19 e com o desumanos aumento das violências racistas, do feminicídio e da desigualdade social, as gerações futuras também são ameaçadas com ‘a boiada’ deste governo de morte na Amazônia, no Cerrado e demais biomas brasileiros”, diz o secretário do meio ambiente da CUT, Daniel Gaio.

O ambientalista e deputado Federal Nilto Tatto (PT-SP), em sua conta no Twitter, disse que Ricardo Salles transformou o Ministério do Meio Ambiente em puxadinho da Agricultura, para defender interesses privados: do agronegócio, de latifundiários, de especuladores, e até de grandes mineradoras internacionais.

Os números da devastação ambiental

Dados e denúncias feitas por sindicatos, ambientalistas, militantes e movimentos sociais nas redes comprovam a informação do dirigente.

O Brasil perdeu, em 2019, pelo menos 1.218.708 hectares de vegetação nativa, área equivalente a oito vezes o município de São Paulo, segundo Relatório Anual do Desmatamento do MapBiomas.

A Global Forest Watch divulgou seu relatório anual que apontou o Brasil foi responsável por um terço do desmatamento em florestas primárias tropicais do mundo, onde são concentrando mais biodiversidade e armazenando mais carbono (Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas, Caatinga e Pantanal). Ao todo, o país destruiu um total de 3,8 milhões perdidos ao redor do planeta.

Só na floresta Amazônica, em meio ao isolamento social devido a pandemia, o desmatamento cresceu 63,75% em abril de 2020, de acordo com os alertas feito pelo sistema Deter-B, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Neste ano, foram emitidos alertas para 405,6 km², enquanto no ano anterior, no mesmo período, foram 247,7 km².

E de acordo com o SOS Amazônia, o afrouxamento da fiscalização do governo federal explica aumento de quase 30% do desmatamento da Mata Atlântica! A "boiada" do ministro ameaça área verde de onde vem a água que abastece mais de 100 milhões de brasileiros.

“Enquanto o mundo inteiro acompanha a redução das emissões de gases de efeito estufa neste período de isolamento, pela diminuição da poluição industrial de transportes, o Brasil talvez seja o único que vai ter um aumento das emissões de gases por conta do aumento estúpido do desmatamento e do confinamento de gado pela pecuária”, diz Daniel Gaio.

Segundo ele, não se pode esquecer que Bolsonaro sempre minimizou a destruição das nossas florestas, colocando a conta dos incêndios na seca e em Ongs, e que governa para garimpeiros, grileiros e pessoas que cometem ilegalidades.

Além disso, afirma Daniel, o governo promoveu desde os primeiros dias do governo retrocessos na pasta e ainda mente para o mundo quando vai a ONU e diz que o Brasil é um dos países que mais protegem o meio ambiente.

“Este governo de morte junto com Salles é cretino e criminoso, porque o que estão fazendo com o meio ambiente é irreversível e vai matar milhares de vidas e também será responsável por outras pandemias que poderão surgir”. 

Mobilização nas redes

No Twitter, onde acontece um tuitaço nesta sexta, a CUT lembrou da fala de Salles na reunião ministerial do dia 22 de abril e disse que nunca deve sair da memória do povo.

O portal do PT na Câmara alerta que não há nada que ameace mais o meio ambiente do que o desgoverno Bolsonaro, que, dentre outros absurdos, chega a ter um ministro do Meio Ambiente que é contra... o meio ambiente!

Essa reunião nunca deve sair da memória do povo. Entre todas as atrocidades estava a fala absurda do ministro do meio ambiente, Ricardo Salles#PelaAmazôniaForaBolsonaro https://t.co/QPG4xpjCct

— CUT Brasil (@CUT_Brasil) June 5, 2020

Vários sindicatos, movimentos sociais, militantes e parlamentares também usaram o Facebook para manifestar indignação e dizer Fora Bolsonaro.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) citou e indicou o documentário “Coração da Divisa” que aborda a história de Cabeceira do Piabanha, uma comunidade tradicional do sertão de Minas Gerais, que luta contra os interesses de fazendeiros e da mineradora Nacional de Grafite, uma das facetas desta “boiada”.