Diante da crise, é preciso diálogar com a periferia
Debate alerta que movimento sindical precisa fortalecer sua representação parlamentar
Publicado: 23 Julho, 2017 - 04h35 | Última modificação: 23 Julho, 2017 - 04h54
Escrito por: Redação CUT-SP*
Os participantes da 15ª Plenária Estatutária e Congresso Extraordinário da CUT-SP puderam aciompanhar, num dos paineis de sábado ()22), a realização compartilhada de uma análise da conjuntura política e econômica. A mesa teve coordenação do presidente da CUT-SP, o professor Douglas Izzo, e contou com a secretária de Políticas Sociais, Kelly Domingo, o professor de economia da Unicamp, Guilherme Mello, e o presidente do PT de São Paulo, Luiz Marinho.
Diante da crise política brasileira que envolve os partidos políticos e perseguições a lideranças, Luiz Marinho reforçou a necessidade da mobilização e do diálogo nas periferias para barrar o golpe. Também combateu a pressão da grande mídia e do judiciário sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e falou sobre eleições em 2018.
“Não podemos entrar na armadilha de discutir plano B, só tem plano A, que é Lula presidente. Quando falamos que eleição sem Lula é fraude, é porque isso é perseguição política, sim. E as instâncias superiores devem resolver o grande erro que o juiz Sérgio Moro cometeu”, afirmou.
Marinho falou ainda sobre a necessidade de o movimento sindical de São Paulo ampliar o debate sobre candidaturas de parlamentares de esquerda para fortalecer a resistência contra a retirada de direitos. “Qual a bancada que o movimento sindical gostaria de ter para a Assembleia Legislativa e para as Câmaras Municipais? O caminho é o debate permanente. E temos condições neste processo de resistência de vencer o debate e retomar o processo de crescimento da esquerda no Brasil”, disse.
Não há indício de recuperação econômica
No âmbito econômico, Mello analisou o cenário de 2014 até hoje . Para ele, o país entra na recessão no início de 2015 por conta das políticas recessivas adotadas pelo então ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
“Em 2015, a crise chega nas famílias, no trabalhador e na renda. Saiu dos empresários e investimentos e chegou aos trabalhadores. Há um profundo ajuste recessivo, um erro grave de escolha de política econômica do governo Dilma que implantou a agenda dos derrotados nas eleições. Aumenta os juros, corta os investimentos públicos e desvaloriza o câmbio. O governo Temer só aprofunda essa medidas”, explicou.
Em entrevista na última reunião do G20, o presidente golpista Michel Temer disse em entrevista que não havia mais crise econômica no Brasil. Ele partiu das informações de que a economia cresceu 0,9% no último trimestre, fortemente alavancada pela agricultura. Além disso, a equipe econômica liderada pelo Ministro Henrique Meirelles comemora a primeira deflação na economia brasileira nos últimos 11 anos.
Por outro lado, a desigualdade no país vem crescendo ainda mais. De acordo com o Banco Mundial, até 3,6 milhões de pessoas podem entrar na zona da pobreza em 2017. Mello aponta que os dados da economia brasileira não mostram que há probabilidade de recuperação imediata, muito menos que a reforma trabalhista e os ajustes vão diminuir o número de desempregados.
“Essa história de que só cortando gasto o empresário investe é bobagem. Empresário não investe porque está barato, ele investe para produzir, vender e gerar lucro. Não há empresário que invista se não há pra quem vender, se os trabalhadores não consomem. Nossa economia vive hoje a paz dos mortos”, encerrou.