Mais da metade dos reajustes salariais (52,3%) ficou abaixo da inflação (INPC-IBGE) no primeiro semestre, segundo acompanhamento do Dieese, com base em dados do Ministério da Economia. Só 16,5% tiveram ganhos reais, enquanto 31,2% dos reajustes foram equivalentes à variação da inflação. O chamado Mediador inclui quase 4.700 acordos e convenções.
De acordo com o Dieese, a variação real média neste ano, em relação ao levantamento anterior, ficou praticamente estável (-0,67%). E metade dos reajustes analisados teve perdas iguais ou superiores a -0,03%. A análise preliminar apontava -0,18%.
Entre os setores, a indústria teve 24,9% dos reajustes acima do INPC, em um total de 1.588 acordos. Foram 34,8% equivalentes à inflação e 40,3% abaixo. O pior resultado foi nos serviços, com 65,3% dos 2.318 reajustes perdendo para o INPC acumulado e apenas 12% com aumento real. No comércio (791 acordos), menos ainda: só 11,9% com ganho acima da inflação. Mas a maioria (54,5%) foi equivalente ao INPC.
“No acumulado de 2021, os acordos coletivos – instrumentos assinados diretamente com empresas – continuam com a maior proporção de aumentos reais em comparação com as convenções coletivas – assinados com entidades de classe patronais”, informa ainda o Dieese. De 3.091 acordos coletivos pesquisados, 51,3% tiveram reajuste inferior ao INPC. Foram 1.893 convenções, 53,9% abaixo do índice.
Além das dificuldades impostas pela crise, o crescimento da inflação foi outro desafio para os reajustes salariais. No início do ano, por exemplo, o INPC somava 5,45% em 12 meses. Em julho, já estava em 9,22%, sempre considerado o mês imediatamente anterior à data-base de cada categoria.