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Dilma: 'Cunha ainda é o grande fiador do governo Temer'

Ex-presidenta afirmou que ainda não decidiu por candidatura em 2018

Publicado: 02 Agosto, 2017 - 12h57 | Última modificação: 03 Agosto, 2017 - 11h11

Escrito por: Nocaute

Foto: Divulgação/YouTube
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A ex-presidenta Dilma Rousseff afirmou que o deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba, é ainda hoje "o grande fiador do governo Temer". 

Dilma falou ao jornalista Fernando Morais, para o blogue Nocaute, que também a entrevistou para a produção de documentário sobre os cinquenta anos dos protestos estudantis, de trabalhadores e a antiguerra que marcaram o ano de 1968 em todo o mundo. 

A ex-presidenta afirmou que, a partir da negociação de emendas parlamentares e demais vantagens distribuídas, Cunha comprou deputados e passou a exercer liderança sobre um grupo de parlamentares que antes compunha o "centro democrático", movendo-os em direção à extrema direita. 

Dilma também disse que "ainda não" decidiu sobre eventual candidatura nas eleições do ano que vem, afirmou que a sua atuação política não depende de cargos, mas alegou que pode "vir a ser candidata caso interesse a qualquer processo de transformação do Brasil".

Sobre as críticas recebidas por ter se aliado a partidos de direita para compor sua base no Congresso, Dilma afirmou que o modelo de "presidencialismo de coalizão" não é uma opção, mas uma imposição, perante o quadro de fragmentação partidária. 

Como exemplo, a ex-presidenta comparou os esforços para compor entendimentos com o Congresso no seu governo e nos governos anteriores. "Fernando Henrique precisou de três partidos para fazer maioria simples, quatro para fazer maioria de dois terços. O Lula entre seis e oito, às vezes, doze. Eu cheguei a precisar de vinte. Então, não há governabilidade com isso", detalhou Dilma. 

Para Dilma, o fisiologismo e a corrupção também têm origem nesse quadro de hiper-fragmentação, com mais de 30 partidos representados no Congresso Nacional, e criticou o sistema que favorece a venda de apoio e tempo de televisão pelos partidos. Segundo ela, não há trinta projetos diferentes para o país que justifiquem número equivalente de agremiações partidárias.

"Toda essa forma de relação institucional se dá porque há vinte partidos, trinta partidos. Tem trinta projetos pro Brasil? Não tem. Não tem trinta projetos para país nenhum. Tem vinte projetos? Não tem. Então, o que é que faz cada um desses partidos? Como é que eles chegam ao poder? Porque, se eles não querem chegar ao poder, eles querem o quê? Como é que eles chegam? Chegam negociando cargos, negociando emendas e negociando leis. Contraprestações pecuniárias. Por que isso? Porque o sistema induz a isso", afirmou Dilma.