Dinheiro esquecido: Não é só R$1 não; 1,3 mil contas têm mais de R$100 mil a receber
Muita gente desistiu de consultar o Sistema de Valores a Receber do BC, quando descobriu que tinha centavos esquecidos nos bancos, mas um cliente recebeu um milhão e em mais de mil contas tem mais de R$ 100 mil
Publicado: 01 Abril, 2022 - 13h37 | Última modificação: 01 Abril, 2022 - 13h54
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Milhares de brasileiros ficaram frustrados quando descobriram que tinham menos de R$ 1 esquecido em bancos e instituições financeiras e deixaram de lado as pesquisas no Sistema de Valores a Receber (SVR) criado pelo Banco Central (BC). Os centavos foram deixados onde estavam, poucos sacaram.
Mas não tem só R$ 1 ou menos esquecido nos bancos, não. Segundo o BC, em 1.370 contas tem valores acima de R$ 100 mil disponíveis para saques. Um total de R$ 298,4 milhões. Isso sem contar o cidadão que resgatou R$ 1,65 milhão esquecido em uma instituição financeira, referente a cotas de consórcio, uma exceção, é claro, mas que acende um sinal de alerta a quem se desinteressou pelo SVR.
Segundo o BC, cerca de 114 milhões de pessoas e 2,7 milhões de empresas acessaram o sistema de consultas valores a receber. Desse total, 25,9 milhões de pessoas físicas e 253 mil empresas descobriram que têm recursos a receber. Em 42,8% dos casos os saldos eram de até R$ 1. Em 69,7%, os valores eram de até R$ 10.
O resultado é que, apesar do alto volume de consultas, o processo de agendamento de saques está sendo menor que o esperado. Até a quinta-feira (24), apenas 2,83 milhões de pessoas físicas e 6.172 empresas haviam pedido a retirada. Dos R$ 3,9 bilhões disponíveis, foi agendado o saque de R$ 239,3 milhões por pessoas físicas e de R$ 6,3 milhões por pessoas jurídicas, até agora.
Dia 2 de maio começa nova fase de consultas
A partir do dia 17 de abril, o SVR vai passar por uma reformulação e quando tiver início a próxima fase de consultas para saber se tem dinheiro esquecido, a partir do dia 2 de maio, as pessoas físicas (CPF) e os donos de empresas (CNPF) não precisarão mais agendar o resgate dos valores.
Além disso, o sistema do BC terá novos dados encaminhados pelas instituições financeiras, o que significa que, mesmo quem já sacou valores ou quem não tinha quantia a receber na primeira etapa pode consultar novamente e encontrar algo.
Novo calendário
Quem não sacou recursos esquecidos em instituições financeiras na primeira rodada tem nova chance desde a segunda-feira (28), quando o BC divulgou mais uma repescagem do site Valores a Receber.
Até 16 de abril, haverá novo cronograma de agendamento de saques baseado no ano de nascimento ou data de fundação da empresa
O BC mudou as regras de pagamento e divulgou novo calendário para agendar as retiradas, em etapas escalonadas conforme o ano de nascimento. Assim como nas últimas semanas, aos sábados haverá repescagem dentro da repescagem para quem perdeu a chance do agendamento.
Pelo novo cronograma, o correntista poderá agendar o saque a qualquer hora da data informada, em vez de entrar em horários determinados pelo sistema. As novas datas de liberação são as seguintes:
Divulgação BCPara agendar o saque, o usuário deverá ter conta nível prata ou ouro no Portal Gov.br. Identificação segura para acessar serviços públicos digitais, a conta Gov.br está disponível a todos os cidadãos brasileiros.
O login tem três níveis de segurança: bronze, para serviços menos sensíveis; prata, que permite acesso a muitos serviços digitais; e ouro, que permite acesso a todos os serviços digitais.
Após o pedido de retirada, a instituição financeira terá até 12 dias úteis para fazer a transferência. A expectativa é que pagamentos realizados por meio de Pix ocorram mais rápido.
Confira abaixo o passo a passo para a retirada do dinheiro:
Passo 1
Acessar o site valoresareceber.bcb.gov.br na data e no período de saque informado na primeira consulta. Quem esqueceu a data pode repetir o processo, sem esperar o dia 7 de março.
Passo 2
Fazer login com a conta Gov.br (nível prata ou ouro). Se o cidadão ainda não tiver conta nesse nível, deve fazer logo o cadastro ou aumentar o nível de segurança (no caso de contas tipo bronze) no site ou no aplicativo Gov.br. O BC aconselha o correntista a não deixar para criar a conta e ajustar o nível no dia de agendar o resgate.
Confira aqui como aumentar o nível do login Gov.br.
Passo 3
Ler e aceitar o termo de responsabilidade
Passo 4
Verificar o valor a receber, a instituição que deve devolver o valor e a origem (tipo) do valor a receber. O sistema poderá fornecer informações adicionais, se for o caso. A primeira etapa da consulta só informava a existência de valores a receber,, sem dar detalhes.
Passo 5
Clicar na opção indicada pelo sistema:
"Solicitar por aqui": para devolução do valor pelo Pix em até 12 dias úteis. O usuário deverá escolher uma das chaves Pix, informar os dados pessoais e guardar o número de protocolo, caso precise entrar em contato com a instituição.
"Solicitar via instituição": a instituição financeira não oferece a devolução por Pix. O usuário deverá entrar em contato pelo telefone ou e-mail informado para combinar com a instituição a forma de retirada: Transferência Eletrônica Disponível (TED) ou Documento de Crédito (DOC).
Importante: na tela de informações dos valores a receber, o cidadão deve clicar no nome da instituição para consultar os canais de atendimento.
Fases de liberação
Nesta primeira fase, estão sendo liberados R$ 3,9 bilhões esquecidos em instituições financeiras. Em maio, haverá nova rodada de consultas, com mais R$ 4,1 bilhões disponíveis.
Na segunda etapa, serão incluídas as seguintes fontes de saldos residuais:
• cobranças indevidas de tarifas ou obrigações de crédito não previstas em termo de compromisso;
• contas de pagamento pré-paga e pós-paga encerradas e com saldo disponível;
• contas encerradas em corretoras e distribuidoras de títulos e de valores mobiliários;
• demais situações que resultem em valores a serem devolvidos reconhecidas pelas instituições financeiras.
Além dos valores residuais em bancos, o cidadão pode ter outras fontes de dinheiro esquecido, como cotas de fundos públicos, revisão de benefícios da Previdência Social, restituições na malha fina do Imposto de Renda e até pequenos prêmios de loterias.