Escrito por: Redação CUT
"Olho para a Esplanada dos Ministérios e discordo de tudo que tem sido feito. Inflação, recessão, desemprego, fome. Qual é legado positivo desse homem?", questiona vocalista do Capital Inicial
O vocalista Dinho Ouro Preto fez uma autocrítica sobre suas posições políticas, disse estar arrepedindo do apoio que deu ao ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil), detonou o legado do presidente Jair Bolsonaro (PL) e ainda revelou que votou em Fernando Haddad (PT) nas eleições de 2018. Tudo isso em uma entrevista dos integrantes do Capital Inicial à Folha de S. Paulo sobre a turnê de comemoração aos 40 anos da banda.
Em show em Curitiba em 2016, Dinho dedicou a música "Que País É Este" a Moro, julgado como suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em todos os julgamentos da Operação Lava Jato que envolvem o ex-presidente Lula. O ex-juiz estava no em um camarote assistindo ao espetáculo.
O artista hoje reconhece a falta de imparcialidade do então juiz, que perseguiu opositores se utilizando do sistema de Justiça e ajudou a eleger Bolsonaro.
Mordi minha língua. Eu via a Lava Jato como uma operação independente, que alcançaria todos os políticos, mas virou perseguição ao PT. Mais tarde, o cara ainda virou ministro da Justiça justamente da pessoa beneficiada pela Lava Jato. Não houve isenção, e eu me oponho à falta de isenção.- Dinho Ouro PretoDinho também afirmou que atualmente se coloca frontalmente contra o governo, aderiu ao "fora, Bolsonaro" e criticou o legado que o presidente deixará para o país.
"As músicas do Capital Inicial não são partidárias, mas eu tomo mais partido do 'fora, Bolsonaro'", disse o vocalista.
"Olho para a Esplanada dos Ministérios e discordo de tudo que tem sido feito. Inflação, recessão, desemprego, fome. Qual é legado positivo desse homem?", continuou o cantor.
"É importante que haja alternância de poder, mesmo que em algum momento a direita vá comandar o Brasil. Meu problema são os caras que querem dinamitar as instituições e acabar com a democracia", acrescentou.
Filho de um cientista político e de uma historiadora, Dinho Ouro Preto, que define como de centro-esquerda, afirmou à reportagem que votou em Haddad no pleito passado, mesmo com ressalvas ao Partido dos Trabalhadores, entre elas a "aproximação com Cuba e Venezuela", países que vivem sob ditaduras de esquerda, e o "culto à personalidade" de Lula.