Escrito por: Rafael Silva

Dirigentes sindicais fazem ato contra o candidato de extrema direita da Argentina

Durante 14° Congresso da CUT, participantes brasileiros e argentinos fizeram ato em desagravo a Javier Milei, uma espécie de cópia de ‘Bolsonaro’. Eleições no país vizinho será no domingo (22)

Roberto Parizotti/CUT

Os eleitores e eleitoras da Argentina irão às urnas, no próximo domingo (22), escolher o próximo presidente ou presidenta do país. No entanto, caso vença o candidato que aparece em primeiro lugar nas pesquisas, o ultradireitista Javier Milei, o país corre o risco de mergulhar, ainda mais, numa profunda crise econômica e social.

Economista de extrema direita, Milei tem defendido propostas que incluem a dolarização da economia argentina, o fechamento do Banco Central local e o rompimento com o Mercosul. Ele diz que a mudança climática é uma invenção da esquerda, que a educação sexual existe para destruir a família e defende o porte de armas de fogo.

Usando frases de efeito na campanha e atacando as instituições, o candidato guarda grandes semelhanças com outras figuras internacionais da política, como o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), e o dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos).

Durante o 14° Congresso Nacional da CUT Brasil, que ocorre em São Paulo até o próximo domingo, os delegados e delegados realizaram um ato em apoio aos trabalhadores e trabalhadoras do país vizinho. Isso porque há chances de derrotar Milei, pois o candidato que desponta em segundo lugar nas pesquisas é o peronista Sergio Massa, atual ministro da Economia.

“O Brasil não suportaria nem mais seis meses de Bolsonaro, que seguia o caminho do negacionismo, da destruição da economia, dos serviços públicos e disseminação do ódio. Mas o povo aqui se mobilizou e conseguiu barrar esse fascismo nas urnas. E creio que o candidato argentino, que diz que irá privatizar tudo, acabar com o banco central e o Ministério da Educação, também será derrotado”, disse Sérgio Nobre, presidente da CUT Brasil.

Roberto Parizotti/CUT

Além dos sindicalistas brasileiros, a atividade contou com a participação de representantes das maiores centrais argentinas. Hugo Yasky, secretário-geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras da Argentina (CTA), agradeceu o apoio no CONCUT e disse se inspirar na luta dos brasileiros para conseguir uma virada no próximo domingo.

“Estamos gratos com essa mostra de solidariedade. E temos a luta de vocês como exemplo, como foi com a prisão injusta de Lula e a batalha para defender a democracia. E iremos lutar porque não queremos que o nosso país vá para o extremismo, com o ataque aos direitos da classe trabalhadora”, afirmou.

Também secretário-geral, mas da CTA Autónoma, Hugo Gody se disse emocionado com o gesto de solidariedade da CUT, dando energias para uma vitória popular no domingo.

“Estamos muito emocionados e agradecemos a todos que nos abraçam, nos mantendo com calor e força. Estamos certos que a mobilização dos trabalhadores e das trabalhadoras em defesa da liberdade, da justiça e da soberania para os povos terá resultados positivos”.

Diferente do Brasil, na Argentina um candidato pode vencer em primeiro turno quando ele obtém 45% dos votos ou quando o presidenciável obtém 40% dos votos somado a uma diferença de 10 pontos percentuais do segundo colocado.

Pesquisa da Opina Argentina apresenta um cenário de segundo turno, com Javier Milei entre 34% e 35%, seguido de Sergio Massa, tendo entre 29% e 30%, e Patrícia Bullrich, que teria entre 24% e 25%. A segunda rodada das eleições seria em 19 de novembro.

“Esperamos que tenha um segundo turno e, nesse cenário, o companheiro Sérgio Massa conquista a vitória. Caso contrário será muito difícil para nós, da América Latina, principalmente porque a gente tem uma perspectiva ainda de talvez a gente não ter muita sorte, a gente precisa manter, continuar mantendo essa coisa de dar uma reviravolta aqui na América Latina tendo governos social democracia ou de esquerdas, então a vitória do Sérgio Massa domingo para nós é muito importante, porque se qualquer outro da direita, mas principalmente esse extremista, trará muito retrocesso na vida das mulheres, das crianças e da classe trabalhadora”, alerta a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Brasil, Juneia Batista.

Roberto Parizotti/CUT

Por fim, Julio Piumato, dirigente da CGT (Confederación General del Trabajo de la República Argentina), destacou a importância do movimento sindical na disputa política.

“Não há solução mundial sem solução política. Por isso, o movimento sindical tem o dever de apontar e mobilizar em torno das soluções que sejam importantes para a população. Temos 40 anos de democracia na Argentina [após o período de ditatura militar], e precisamos garantir que tenhamos somente avanços e não retrocessos”.