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Disparo acidental de arma de ex-ministro da Educação fere trabalhadora da Gol

Milton Ribeiro, que saiu do ministério depois das denúncias de corrupção, disse à PF que abriu pasta e pegou a arma para separá-la do carregador "dentro da própria pasta" quando ocorreu o disparo

Publicado: 26 Abril, 2022 - 11h03 | Última modificação: 26 Abril, 2022 - 13h54

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Isac Nóbrega/PR
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O disparo acidental da arma de fogo do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, nesta segunda-feira (25), deixou uma funcionária da Gol ferida sem gravidade, segundo informou a companhia à reportagem do portal UOL.

A trabalhadora - que não teve a sua identidade revelada – foi atendida no próprio local. Ela foi atingida por estilhaços, está bem e recebendo suporte da GOL, disse a empresa em comunicado.

O disparo aconteceu por volta de 17h, quando o pastor e ex-ministro estava no balcão da Latam. A funcionária da Gol atingida estava no guichê ao lado.

Em depoimento à PF, o ex-ministro afirmou que, depois de abrir sua pasta de documentos, pegou a arma para separá-la do carregador "dentro da própria pasta" —momento em que teria ocorrido o disparo. À corporação, Ribeiro disse que, por medo de expor sua arma de fogo publicamente no balcão, ele teria tentado desmuniciá-la dentro da pasta.

"Como havia outros objetos dentro da pasta, o local ficou pequeno para manusear a arma", justificou o ex-ministro. "O projétil atravessou o coldre e a pasta e se espalhou pelo chão", disse.

Milton deixou o cargo em 28 de março, uma semana depois da divulgação de áudio em que ele afirmava que o governo federal priorizava prefeituras ligadas a dois pastores que não têm vínculo formal com a gestão pública. O caso ficou conhecido como bolsolão do MEC.

Bolsolão do MEC: Escândalo de corrupção derruba ministro Milton Ribeiro, o 4º a cair

Resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) determina no Art. 4º que a necessidade de acesso à arma para fins de embarque limita-se às hipóteses em que o agente público realiza qualquer das seguintes atividades:
I - escolta de autoridade ou testemunha;
II - escolta de passageiro custodiado;
III - execução de técnica de vigilância; ou
IV - deslocamento após convocação para se apresentar no aeródromo de destino preparado para o serviço, em virtude de operação que possa ser prejudicada se a arma e munições forem despachadas.

De acordo com a ANC, o embarque é restrito a algumas situações e é obrigatório comprovar a necessidade de porte de arma entre o momento do ingresso na sala de embarque no aeródromo de origem e a chegada à área de desembarque no aeroporto de destino.

Arma não é sinônimo de segurança

No terceiro ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL), com a ajuda do governo federal que editou mais de 30 decretos e atos normativos a favor das armas  desde que o presidente assumiu, o setor armamentista registra mais um recorde de vendas. Novos registros de armas feitos à Polícia Federal quadruplicaram em 4 anos. Passaram de 51.027 em 2018 para 204.314 no ano passado, segundo reportagem do Poder 360.

Qualquer pesquisa básica e simples no Google mostra também crescimento de mortes e ferimentos graves causados por tiros acidentais como esse provocado pelo pastor Milton Ribeiro no aerotporto de Brasília, o que mostra que ao contrário do que diz Bolsonaro, ter armas não garante a segurança nem do portador nem de quem, por infelicidade, estiver ao seu lado quando a arma disparar.

E foi essa a crítivca que tomou conta do Twitter na tarde de ontem. Em seu perfil na rede social, a deputada Talíria Petrone Soares, professora, política e ativista brasileira, criticou a facilidade para a liberação do uso de armas no governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo ela, usar armas não significa mais segurança e o desarmamento é questão urgente no país.

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