Do "tororó" de Anitta a "CPI do Sertanejo", MP vai investigar 24 prefeituras do MT
Sertanejo Zé Neto, que fazia show milionário pago por Prefeitura de Sorriso, deu início à polêmica quando disse “ a genta não precisa fazer tatuagem no 'toba' pra mostrar se a gente tá bem ou mal”
Publicado: 02 Junho, 2022 - 12h53 | Última modificação: 02 Junho, 2022 - 13h05
Escrito por: Redação CUT
Depois de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Roraima, o Ministério Público de Mato Grosso decidiu apurar se houve irregularidade na contratação de cantores, a maioria sertanejo, por cachês que ultrapassam R$ 1 milhão, em 24 das 27 prefeituras do estado, entre elas Sorriso, cidade que fica a 400 quilômetros de Cuiabá.
Foi em Sorriso que o cantor sertanejo Zé Neto, da dupla com Cristiano, deu início à polêmica que bombou nas redes sociais, batizada pelos internautas de "CPI do sertanejo", ao criticar uma tatuagem íntima que Anitta fez e dizer que os sertanejos não dependem de Lei Rouanet, isto é, de dinheiro público, o mesmo dinheiro que ele estava recebendo para fazer o show.
Era 12 de maio quando a dupla fazia um show em Sorriso, Zé Neto disparou: "Não dependemos de Lei Rouanet. Nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no 'toba' pra mostrar se a gente tá bem ou mal. A gente simplesmente vem aqui e canta". Anitta havia dito nas redes que havia feito uma tatuagem no ‘tororó’.
As imagens viralizaram nas redes sociais, e abriram o debate: de um lado, os apoiadores do sertanejo. Do outro, os que foram defender a cantora. Apesar da crítica à Lei Rouanet, um levantamento feito pelo UOL dois dias depois já mostrava que o show da própria dupla de Zé Neto custou R$ 400 mil aos cofres públicos. Com o dinheiro pago para outros shows no mesmo evento, o valor chegou a R$ 1 milhão, segundo o Portal da Transparência.
Outro nome entrou na polêmica no dia 21: o cantor Gusttavo Lima, quando realizou um show em Brasília. Em um intervalo de sua apresentação, um locutor fez um discurso questionável com críticas ao que entende ser "o comunismo" – que, para ele, é o oposto de "democracia".
A fala do locutor inflamou ainda mais os ânimos polarizados nas redes, em especial entre os bolsonaristas que enxergam o fantasma do comunismo como um legítimo culpado para qualquer mazela, mesmo que não seja verdade.
"Na vida é Deus, pátria, família e liberdade. Liberdade para pensar, liberdade para agir, liberdade para vencer, liberdade para conversar, liberdade para estar na internet, liberdade de expressão, liberdade de conquista. E a gente tem que conquistar essa p*rra. Porque o Brasil é nosso", bradou o locutor.
Em nota enviada dias depois à Folha de S. Paulo, a assessoria de Gusttavo Lima disse que o cantor não influenciou no discurso. Respeitamos a posição política de todos, independentemente de partido e não vamos mais comentar o assunto", resumiu a nota.
Não adiantou, ele já estava no topo dos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil, fez live chorando dizendo que estava abalado, mas não escapou da CPI. O MP do Rio de Janeiro abriu investigação sobre um contrato milionário para um show do cantor na cidade de Magé.
O MP de Roraima abriu investigação semelhante por contrato para show do cantor na cidade de São Luiz, que tem 8 mil habitantes, por R$ 800 mil. E a prefeitura de Conceição do Mato Dentro (MG) anunciou cancelamento de show do cantor – ele receberia R$ 1,2 milhão -, assim como de apresentação da dupla Bruno e Marrone.
Enquanto isso, Anitta se pronunciou pela primeira vez sobre o caso no último domingo (29), em curta mensagem no Twitter: "E eu achando que tava só fazendo uma tatuagem no 'tororó'".
E eu achando que tava só fazendo uma tatuagem no tororó
— Anitta (@Anitta) May 29, 2022
Força-tareja no Mato Grosso
A operação do Ministério Público levará a uma força-tarefa entre os promotores de Justiça do Mato Grosso responsáveis pela "defesa do patrimônio público e da probidade administrativa", nas palavras do procurador-geral de Justiça do Mato Grosso, José Antônio Borges Pereira, que instaurou o procedimento.
Com apoio do BdF e do Brasil247