Doria quer expulsar metroviários da sede do sindicato da categoria
Às vésperas da campanha salarial dos metroviários, o governo paulista enviou uma carta para que o sindicato esvaziasse sua sede no prazo de em 60 dias
Publicado: 12 Maio, 2021 - 15h20 | Última modificação: 12 Maio, 2021 - 15h26
Escrito por: Walber Pinto
Na tentativa de atrapalhar a campanha salarial dos Metroviários de São Paulo, o governador João Doria (PSDB) quer que o Sindicato dos Metroviários desocupe a sede da entidade até o final deste mês, caso o governo estadual consiga vender o terreno em que o sindicato funciona há mais de 30 anos, na rua Serra do Japi, na zona leste da capital.
O prazo atual do contrato de licitação venceria em outubro de 2021, mas o governo paulista, no dia 26 de abril, véspera do início da campanha salarial dos metroviários, mandou uma carta para que o sindicato esvaziasse sua sede no prazo de em 60 dias.
“É um ataque ao direito de organização sindical. Eu acho uma tentativa de perturbar e complicar a nossa resistência na campanha salarial. É um movimento antidemocrático contra a liberdade sindical, denuncia Camila Lisboa, coordenadora-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
Segundo a dirigente, João Doria impõe uma pressão política durante a campanha salarial que estão realizando. Ela afirma ainda que quem paga o IPTU do prédio é o próprio sindicato com o dinheiro dos associados e associadas, e explica que a renovação da concessão sempre aconteceu, às vezes no período de 10 anos, outras vezes no período menor.
“Isso não é item na mesa de negociação, nós estamos discutindo acordo coletivo. Daí eles marcam a licitação no mês da campanha salarial? ”, questiona a dirigente.
Em primeiro lugar, o prazo vai até outubro de 2021 e não tem a menor necessidade de fazer esse pedido em abril desse ano. Em segundo, esse pedido foi feito um dia antes de começar as negociações da nossa campanha salarial, uma negociação que está difícil e com indicativos de greve. Não está tranquilo
Vereadores, deputados estaduais e federais de PT, PSOL e PCdoB entraram na discussão e pediram ao governador João Doria uma audiência urgente para tratar do tema.
O governo do estado afirmou em nota que já havia alertado em 2020 sobre a possibilidade de venda e que a situação financeira do Metrô vem piorando, obrigando a operações do tipo, no entanto, foi desmentindo pelo sindicato que recebeu a notificação no dia 26 de abril.
“É um direito político do sindicato continuar lá”, defende Camila, que reitera: “é lá que os trabalhadores e trabalhadoras se organizam, é lá que fazemos nossas assembleias, é onde o sindicato se organiza e só diminuímos a atividade lá por conta da pandemia”.
Ela finaliza afirmando que “o plano do sindicato era sentar para negociar a renovação do contrato depois da campanha salarial porque ali é um prédio que foi construído pela categoria, é onde o sindicato organiza os trabalhadores”.
Protesto
Nesta terça-feira (11), os metroviários protestaram contra a falta de reajuste salarial e outros cortes direitos. A mobilização ocorreu em frente ao Centro de Controle Operacional do Metrô de São Paulo, no bairro da Liberdade, passou pelo bairro da Vila Mariana, na Zona Sul, e terminou na Secretaria de Transportes Metropolitanos, região central da capital.
Os trabalhadores e trabalhadoras do metrô alegam que há dois anos não ocorrem reajustes nos salários. Eles também dizem que há cortes em benefícios e pedem por um aumento de 9,72% e um acréscimo de 29% nos vales Refeição e Alimentação.
“Os metroviários realizam serviço essencial de transporte público e não pararam em nenhum momento na pandemia. Mesmo assim, o governo de João Doria tenta impor uma série de ataques aos funcionários, com retirada e diminuição direitos, calote na participação nos resultados e nenhum reajuste salarial pelo segundo ano seguido. A categoria não vai aceitar esse tratamento”, diz trecho da nota publicado nas redes sociais do sindicato.
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