Durante a caravana de Lula, opositores revelam face violenta
Pequenos grupos de extrema direita realizaram atos truculentos no trajeto da comitiva pelo Rio Grande do Sul
Publicado: 24 Março, 2018 - 10h28 | Última modificação: 24 Março, 2018 - 12h56
Escrito por: Edição: Thalles Gomes/ Brasil de Fato
A caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela região Sul do país teve seu trajeto alterado nesta sexta (23) após um grupo ter bloqueado a rodovia de acesso ao município de Passo Fundo (RS). Segundo informação dos organizadores, o Secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul afirmou que não podia garantir a integridade do ex-presidente.
Desde o começo da caravana, na última segunda-feira (19), pequenos grupos de opositores realizaram atos que contrastavam com os milhares apoiadores a acompanhavam. “Essas manifestações são como tosa de porco: muito grito e pouco pelo”, chegou a declarar Claudir Néspolo, presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT/RS).
O próprio ex-presidente Lula saudou as manifestações de oposição, ao afirmar que faziam parte da democracia e que, portanto, deveriam ser respeitadas.
Além de Lula e Dilma Roussef, a senadora Gleisi Hoffman, presidenta do PT, esteve presente em algumas etapas do trajeto e já havia denunciado publicamente a ação dos grupos de direita, afirmando que eles “estão impedindo dois ex-presidentes de andar pelo país”.
Agressões
Em Bagé (RS), ponto de partida da caravana, algumas pessoas foram fotografadas portando armas de fogo entre os opositores. Pedras foram arremessadas nos ônibus, sem sucesso. Maquinários como tratores e andaimes, usados comumente por ruralistas e grandes proprietários de terra, foram utilizados para bloquear o acesso da comitiva a algumas cidades previstas na rota.
Entre os opositores, muitos vestiam camisetas com a imagem do pré-candidato da extrema direita à presidência, Jair Bolsonaro (PSL-RJ). “Só tem uma opção: é Bolsonaro. Não sei se tem o melhor programa de governo, mas nessas alturas não interessa”, afirmou um dos manifestantes presentes na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde a caravana esteve na terça (20).
Ainda na UFSM, o grupo que vestia camisas da seleção brasileira e cartazes com mensagens de ódio ao ex-presidente atacou os apoiadores de Lula. Um homem com chicote agrediu estudantes e jornalistas que acompanhavam a caravana.
O caso mais grave ocorreu em Cruz Alta (RS), na região noroeste do estado, onde quatro mulheres, moradoras locais, foram agredidas fisicamente pelos manifestantes da extrema direita. Ieda Alves e Daniele Mendes tiveram as bandeiras do PT arrancadas e precisaram ser socorridas pela brigada de segurança que acompanha a caravana. Outra apoiadora do ex-presidente, Suzana Machado Ritter, foi atacada quando se dirigia sozinha ao ato. “Eles roubaram minha bandeira e me derrubaram”, relatou.
Uma quarta moradora, Deise Miron, precisou ser hospitalizada por conta das agressões que sofreu ao voltar para casa após o ato. Ela luta contra um câncer e está fazendo um tratamento de radioterapia. As quatro mulheres registraram boletim de ocorrência na polícia local e passam bem.
Em nota, o Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (PT/RS) denunciou que os manifestantes da direita “agem como bandidos ao atentarem contra a integridade física da militância e da população que participa das atividades”. O partido ainda pede ajuda à população para que ajude a identificar os agressores.
Outro lado
O Brasil de Fato entrou em contato com a Secretaria da Segurança Púbica do Rio Grande do Sul solicitando posicionamento quanto às denúncias e registros de agressões, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
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