Escrito por: Walber Pinto
É preciso reconhecer que há uma nova forma de se comunicar com as redes, diz Sérgio Amadeu
A segunda edição do Curso de Formação de Formadores em Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) reuniu em Cajamar, São Paulo, de 11 a 15 de maio, cerca de 35 pessoas, entre dirigentes sindicais, assessores, educadores e profissionais de comunicação de entidades CUTistas de vários estados do País.
Organizado pelas secretarias nacionais de Comunicação e Formação, o projeto busca consolidar e fortalecer a rede de comunicação da Central e a luta pela democratização dos meios que, nos últimos anos, transformou-se em uma das principais pautas dos movimentos sociais e de parte da sociedade brasileira.
No primeiro dia, o professor da Universidade Federal do ABC, Sérgio Amadeu, abordou as relações entre o ciberativismo e a cultura de hacker, buscando mostrar a influência da contracultura norte-americana na construção do “hacktivismo”.
Sérgio afirmou que é preciso reconhecer que há uma nova forma de se comunicar com as redes. “Hoje, grande parte dos debates políticos se faz por meio das redes sociais. É preciso buscar novas formas tecnológicas que falem com sua categoria como, por exemplo, fazer aplicativos para celular, sites mais interativos, extensões para os navegadores e criar jogos específicos para atrair pessoas”, apontou.
A comunicação deve estar voltada para os cidadãos que estão nas redes sociais. Dos brasileiros conectados, mais de 70% usam redes de relacionamentos online, de acordo com Amadeu. “É preciso tentar entender como o senso comum se articula naquele ambiente e dialogar com ele, elevar o nível das suas discussões, mas colocar elementos que dialogam com o humor. Sem fazer isso, o movimento vai deixar de dialogar com as pessoas que estão através das redes”, conclui.
Na disputa nas redes, os movimentos populares e sindicatos buscam superar os desafios da comunicação na era digital. No segundo dia do curso, a ativista e blogueira Conceição Oliveira, conhecida como Maria Frô, ressaltou importância da CUT de se apropriar da comunicação digital.
“A gente têm desafios que não são só dos movimentos sindicais, mas de toda a sociedade, que é a democratização da comunicação. Temos de aproveitar o espaço que internet nos dá. A CUT, por exemplo, pautou a grande mídia com o PL 4330. Então, os sindicatos filiados devem pensar a estratégia de redes incluindo a comunicação digital e fazer política”, afirma Frô.
O representante do Coletivo Mídia Livre, Verjão Ikebanto destacou durante a oficina de edição de vídeos a importância da apropriação dos meios de produção da comunicação. “A tecnologia, na minha perspectiva, não é vista como produto das relações sociais. A relação com a máquina pode ser uma relação humana. Não estou humanizando a máquina, mas o que tem dentro dela é conhecimento humano”.
A oficina de monitoramento nas redes sociais foi o tema da tarde de quinta-feira com o jornalista Marcelo Hailer e a social mídia Débora Firmiano. “É importante organizar uma ação em rede que se espalhem por todas as CUTs, na própria rede na esfera digital e isso é de extrema importância diante do cenário que está posto, onde os grupos de direita tem ocupado cada vez mais os espaços na rede e de maneira muito bem organizada”, destacou Hailer.
Silvinha Pereira, secretaria estadual de Comunicação da CUT-TO, participante do curso, afirma que é de grande relevância para os sindicatos e para as CUTs estaduais. “Nós iremos fazer esse trabalhado de comunicação que aprendemos aqui com os sindicatos filiados. Tentar fazer formadores no meu estado. Eu aprendi muito com esse pessoal das mídias sociais e vamos fazer um trabalhado diversificado e massificado”, conclui.