Economia brasileira tem o quarto ano seguido de expansão e é a maior alta desde 2021
O crescimento do PIB de 3,4% também foi influenciado pela queda do desemprego em 2024, diz professora da Unicamp
Publicado: 07 Março, 2025 - 15h24 | Última modificação: 07 Março, 2025 - 15h35
Escrito por: Luiz R Cabral

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024, de 3,4%, totalizando R$ 11,7 trilhões, reflete uma recuperação econômica significativa, considerando especialmente o desempenho desde 2021. O crescimento foi impulsionado principalmente pelos setores de Serviços e Indústria, que avançaram 3,7% e 3,3%, respectivamente. No entanto, a agropecuária teve um desempenho negativo, com uma queda de 3,2%, impactada principalmente por condições climáticas adversas que afetaram a produção de soja e milho.
Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (7).
Para Marilane Teixeira, professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esses bons resultados do PIB de 2024 confirmam um cenário que já vinha se desenhando a partir de outros indicadores ao longo do ano, principalmente para o trabalhador brasileiro.
“Um exemplo claro é a taxa de desemprego, que fechou o ano em 6,6% – a menor desde 2014 – e chegou a 6,2% no último trimestre. Essa queda foi registrada em todas as faixas etárias e tanto entre homens quanto entre mulheres, o que é um dado muito positivo”, afirmou.
Ela ainda acrescenta: “Outro ponto importante é o crescimento do trabalho assalariado com carteira assinada, que se destacou como o tipo de ocupação que mais avançou em 2024. Isso mostra que o dinamismo econômico não ficou restrito somente à geração de vagas, mas também à criação de empregos mais protegidos e com direitos garantidos, principalmente na indústria e nos serviços – setores que puxaram o crescimento do PIB”.
O PIB per capita também apresentou um aumento real de 3,0%, atingindo R$ 55.247,45, indicando uma melhora no bem-estar econômico médio da população.
O consumo das famílias foi um dos principais motores do crescimento, com um avanço de 4,8%, impulsionado por programas de transferência de renda, melhora no mercado de trabalho e juros médios mais baixos. Além disso, os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), cresceram 7,3%, indicando um aumento na confiança dos investidores e na capacidade produtiva futura.
No setor externo, as importações cresceram significativamente (14,7%), enquanto as exportações tiveram um aumento mais modesto (2,9%). A taxa de investimento atingiu 17,0% do PIB, superior aos 16,4% de 2023, enquanto a taxa de poupança recuou para 14,5%, indicando um maior direcionamento de recursos para o consumo e investimentos.
No quarto trimestre de 2024, o PIB apresentou uma variação de 0,2% em relação ao trimestre anterior, sinalizando uma estabilidade na economia. No entanto, houve uma desaceleração no consumo das famílias, que caiu 1,0%, pressionado pela inflação de alimentos e pelo aumento dos juros a partir de setembro. Apesar disso, os investimentos e o consumo do governo continuaram a crescer, embora em ritmo mais moderado.
Setores como Construção, Indústria de Transformação e Comércio continuaram a contribuir positivamente para o crescimento, enquanto atividades como Informação e Comunicação e Atividades Financeiras tiveram desempenho negativo no último trimestre.
Em resumo, o crescimento econômico de 2024 foi robusto, com contribuições significativas de diversos setores, embora desafios como a inflação e condições climáticas adversas tenham impactado negativamente alguns segmentos. A estabilidade observada no último trimestre sugere que a economia brasileira está se consolidando cada vez mais.