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Economia do país poderia crescer mais se os juros não fossem altos

Lula, em cadeia nacional de Rádio e TV, prestou contas do seu governo. Muita coisa foi feita, mas poderia ser melhor se a Selic estivesse em níveis satisfatórios. Entidades sindicais fazem protesto no dia 30

Publicado: 29 Julho, 2024 - 15h31 | Última modificação: 29 Julho, 2024 - 16h01

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Luiz R Cabral

Roberto Parizotti (Sapão)
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O presidente Lula (PT) fez neste domingo (28), em cadeia nacional de rádio e TV, um balanço de 1 ano e meio do seu governo:  “Apostavam que o crescimento do PIB não passaria de 0,8%, mas crescemos quase 3% no ano passado, e vamos continuar crescendo. O salário-mínimo voltou a ter aumento acima da inflação. E quase 90% das categorias profissionais tiveram aumento real de salário. Aprovamos a igualdade salarial entre homens e mulheres. A inflação está sob controle, e caindo. Mais de 2 milhões e 700 mil empregos foram criados e a taxa de desemprego é a menor em 10 anos”, disse o presidente.

Esses números poderiam ser ainda melhores se a taxa da Selic, determinada pelo Banco Central, não fosse tão alta (10,50%), e não estivesse emperrando a roda da economia, travando a distribuição de renda.

As empresas recorrem aos empréstimos oferecidos pelos bancos para saudar suas dívidas. Para pagar esse empréstimo, com a taxa de juros nas nuvens, elas sacrificam, entre outras coisas, investimentos tecnológicos, em pesquisas e demitem funcionários e deixam de contratar trabalhadores e trabalhadoras. Consequência: não há geração de empregos. Sem geração de empregos não há consumo, sem consumo não há renda, sem renda as empresas são obrigadas a contratar mais empréstimos com juros alto e assim por diante: é a roda da economia rodando no mesmo lugar.

A corda sempre rompe do lado dos pequenos

Dados mostram que são os micros e pequenos empresários que geram mais trabalho no Brasil. De janeiro a abril de 2024, registrou-se quase 959 mil novas contratações no país, 61 % dessas vagas foram de micro e pequenas empresas. Mas são elas as primeiras a converter a queda do consumo em demissões e o efeito devastador da Selic não para por aí. Sem renda, o trabalhador reduz o consumo, a roda da economia gira mais lentamente ou chega a travar em alguns setores.

Mas quem se beneficia com a Selic nas alturas?

Enquanto a maioria da população brasileira e pequenos e micro empresários se sufocam com o crédito mais caro, aqueles que estão no topo da pirâmide social, vivendo da especulação financeira que não produz nada e nem gera um único emprego, vibra com  a Selic alta para que possam multiplicar mais rapidamente suas fortunas.

“Com a atual taxa de juros no Brasil (em 10,5%), é possível duplicar, em apenas seis anos, o valor de um patrimônio aplicado em títulos públicos, sem a realização de nenhum tipo de investimentos produtivos, como, por exemplo, o Tesouro Prefixado 2031, com juros anuais em 12,29%”, destaca o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Gustavo Cavarzan.

“A título de comparação, com os juros pagos por títulos públicos de prazo similar nos Estados Unidos, levaria cerca de 17 anos, ou quase 3 vezes mais tempo, para duplicar o valor dos recursos aplicados. Isso representa um enorme desincentivo ao investimento produtivo gerador de emprego e renda no Brasil”, prosseguiu.

Ato na terça-feira (30)

Por tudo isso é que a CUT e as demais centrais farão um protesto contra a taxa de juros, a Selic, na terça-feira (30), a partir das 10 horas. As ações dos atos por  "Menos juros, mais empregos", serão em frente às sedes do Banco Central (BC), em Brasília, em São Paulo e nas demais cidades em que há representação da instituição financeira. A data foi escolhida por ser o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa de juros do país a cada 45 dias.

Leia mais: Saiba o que é e qual a função da dívida pública na economia do país

Com informações da Contraf-CUT