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Educação é base da luta em defesa da democracia

Na Vigília Lula Livre, em Curitiba, representantes de trabalhadores e trabalhadoras da educação debatem frente de luta em defesa do ex-presidente Lula

Publicado: 14 Junho, 2018 - 13h13 | Última modificação: 14 Junho, 2018 - 16h21

Escrito por: Andre Accarini

Joka Madruga
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Na manhã desta quarta-feira (13), a Vigília Lula Livre, em Curitiba, recebeu a visita de representantes de entidades internacionais para um debate sobre a importância da educação no fortalecimento da democracia. O consenso foi de que somente o ex-presidente Lula é capaz de retomar uma política de investimento na educação, como já demonstrou em seus governos democráticos e populares, quando , pela primeira vez na história, os mais pobres tiveram acesso à universidade.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Heleno Araújo, explicou que a atividade na Vigília Lula Livre, além de uma mobilização em defesa da liberdade de Lula, foi um ato em defesa da democracia, uma vez que os ataques aos direitos promovidos pelo governo ilegítimo e golpista de Michel Temer (MDB-SP), como o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos, têm consequências diretas nas políticas de educação.

“Não adianta fazer um debate específico da educação sem citar o ataque à democracia, sem se referir à conjuntura política e econômica”, diz Heleno, se referindo às consequências do golpe de 2016 para a democracia brasileira.

A Internacional da Educação (IE), federação que reúne associações e mais de 400 sindicatos em 171 países, foi representada por seu secretário-geral, David Edwards, que prestou solidariedade ao ex-presidente Lula, mantido como preso político há mais de dois meses na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. 

Para David, o Brasil passa por um momento de absurda injustiça contra o maior líder popular que o País já teve, além de um crescente ataque aos direitos sociais, trabalhistas e econômicos, a exemplo do que vem ocorrendo em vários países do mundo com o apoio dos conglomerados de comunicação.

“Há corporações e oligarquias que apoiam esse movimento de retirada de direitos em nível mundial, e a estratégia delas passa pelo controle da mídia, da comunicação para atacar a democracia e desmobilizar os trabalhadores e trabalhadoras”, afirma o dirigente.

O papel da mídia, conforme ele explica, é o de passar a ideia à população de que movimentos sociais e sindicatos, com suas pautas em defesa das classes mais vulneráveis, são o problema, e que o mercado é a única forma de distribuir recursos. “Mas a intenção real é a de privatizar serviços públicos, como a educação, para pagar menos impostos e aumentar lucros”.

Edwards afirmou que a entidade fará toda a pressão possível para que Lula seja libertado. E citou tanto Nelson Mandela quanto Martin Luther King para descrever o movimento pelo qual passa o Brasil e que vai definir o futuro dos movimentos sociais.

Futuro da educação com Lula

O secretário-geral do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (Clacso), Pablo Gentilli, participou do encontro e também contribuiu com o debate para a construção do programa de governo do ex-presidente Lula a ser apresentado nas eleições de 2018.

Em meio a elogios ao ex-presidente, Pablo contou que em todos os debates sobre educação de qualidade, nos vários países por onde passa, o Brasil de Lula e Dilma é referência, “principalmente porque conseguiu duplicar as matrículas universitárias e multiplicar o número de instituições de ensino”.

“Tudo que Lula constrói é por intercâmbio, dialogando, no convívio com as pessoas e é por isso que estão isolando ele. Querem desintegrar sua figura e nossa função é impedir que isso aconteça.”
- Pablo Gentilli (Clacso)

Orientador de universitários, Pablo Gentilli relatou um aumento significativo de negros e negras nas universidade, após as transformações sociais promovidas pelos governos Lula e Dilma. A maioria dos que apresentam suas teses de mestrado e doutorado, diz ele, são os primeiros de suas famílias a ingressar no ensino superior.  “Os pobres começaram a se convencer que podiam chegar mais longe, se dedicaram, e isso é o que a direita não aceita e quer destruir.”

O debate sobre ‘Desafios da Educação’ definiu como principais metas: recompor a participação social na elaboração de políticas públicas, como as conferências realizadas nos governos populares; avançar no financiamento para a educação, com maior participação da União; derrubar a PEC 95, que congelou investimentos públicos por 20 anos; e repactuar as metas da lei do Plano Nacional de Educação, como a do investimento de 7% do PIB, para a educação, até 2019.

Educação em luta

O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Ariovaldo de Camargo, anunciou um calendário de atividades internacionais na Vigília Lula Livre, que contarão com a participação de entidades estrangeiras, como a IndustriAll, que representa mais de 50 milhões de trabalhadores metalúrgicos em todo o mundo, além da UNI Américas, braço continental da UNI Global Union, sindicato que reúne entidades do ramo financeiro em 140 países.

Ele destaca que Lula, fora do Brasil, é considerado também um preso político. “Eles sabem que o ex-presidente é respeitado por ter feito aquilo que seu povo exigiu, ou seja, políticas sociais contra a pobreza, a fome e a miséria, e não apenas atender à sanha dos capitalistas de se constituírem à base da exploração”.

Ariovaldo alertou que o desafio, que conta com o apoio das entidades internacionais, é voltar a ter um projeto de educação para o Brasil e “somente com Lula na presidência, é que se pode discutir e investir, de fato, numa escola pública de qualidade”.

“Não podem tirar do povo o direito fundamental de escolher seu destino e as pesquisas mostram que o povo quer Lula. Então, que se dê o direito ao povo e não a um juiz de primeira instância que condenou o ex-presidente sem provas. O povo sabe quem foi Lula e quer ele de volta.”

O vice-presidente da IE e secretário de Relações Internacionais da CNTE, Roberto Leão, trouxe ao debate um panorama da América Latina ao longo dos últimos anos e destacou a proposta feita pela Internacional da Educação de um ‘Movimento Pedagógico Latino-Americano’ para discutir a integração de escolas na implementação de métodos de educação “libertadores”.

“Vivemos um período recente em que os governos populares na América Latina chegaram a um consenso de que havia condição e necessidade de construção de um espaço de convivência civilizada, de recuperação da identidade”.

Mas, segundo ele, a ofensiva neoliberal fez com que o poder econômico investisse em controlar o povo, tática que usa a escola como instrumento. “É como acontece no Brasil, com a reforma do ensino médio, que determina que o estudante acredite que nasceu para ser subordinado e não para contestar”, critica Leão. 

Ele diz que a mídia, de forma criminosa, se presta ao papel de “vender essa ideia como se fosse um processo democrático”. Contra esse ataque, ele diz que a unificação da luta dos educadores em toda a América Latina por meio do ‘Movimento Pedagógico Latino-Americano’ pode ser uma alternativa.