Escrito por: Walber Pinto

Projeto da CUT em parceria com DGBBW tem aula inaugural

"A formação nunca é uma política em si mesma, ela é sempre ligada a nossa ação e a nossa estratégia", afirma secretária de Formação da CUT, Rosane Bertotti, durante encontro

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“O papel da Formação de Formadores e Formadoras na construção da contra-hegemonia” foi o tema da aula inaugural do Programa de Formação de Formadores e Formadoras Continuado (FFC), que faz parte do projeto Educação, Organização e Ação para as Novas Estruturas de Trabalho no Brasil, promovido pela CUT por meio da secretaria nacional de Formação (SNF/CUT) em parceria com a DGBBW (DGB Bildungswerks), organização nacional de educação continuada da Confederação Alemã de Sindicatos (DGB) para transferência de conhecimento geral, político e sindical.

A atividade foi totalmente virtual e aconteceu na última quinta-feira (20) com a presença de Joana Cecília dos Passos, vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da diretora da Oficina Regional América Latina da DGBBW, Flávia Silva, do secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, além da secretária nacional de Formação da CUT, Rosane Bertotti, que coordenou o encontro, que teve ampla participação da rede de formação CUTista, sindicatos e educadores.

Na abertura, Rosane Bertotti ressaltou que o projeto de formação de formadores é “guardião da Rede Nacional de Formação”, fortalecendo os vínculos com a ação de formação de base. 

“A formação nunca é uma política em si mesma, ela é sempre ligada à nossa ação e a nossa estratégia, tem a base principal de fortalecer a rede, construir o processo formativo, fortalecendo o nosso projeto organizativo”, disse a secretária. 

Um dos principais objetivos deste projeto é aumentar a participação de mulheres, jovens, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIA+, negros e negras na estrutura e nos processos sindicais.

“Reorganizar a partir dos encontros, com outros sujeitos, com outras demandas e necessidades. Todos vocês sabem que a educação é estratégica para a CUT, mas ela também é estratégica para a direita conservadora. Não nos enganemos. É sobre isso que precisamos construir: o que fazer com a educação que é estratégica para a direita conservadora”, afirmou a vice-reitora da UFSC, professora Joana Cecília dos Passos.

Protagonismo dos movimentos sociais e sindicais e democracia

A vice-reitora falou para mais de 220 pessoas que participavam da atividade, e analisou ainda o crescimento dos grupos neonazistas e do conservadorismo da extrema direita e seus ataques à democracia.

“Quero chamar a atenção dos movimentos sindicais, sociais, coletivos diversos, sindicatos, movimentos de luta pelos direitos humanos, movimentos negros, o MST, o movimento dos sem-teto, feministas, movimentos do campo. Todos esses movimentos têm uma construção histórica no mundo e no Brasil, com suas peculiaridades. São eles que se tornam, cada vez mais, os principais responsáveis pelas mudanças políticas, sociais, culturais, jurídicas, inclusivas e educacionais. Os coletivos são sujeitos políticos e são os movimentos sociais e sindicais os responsáveis por qualificar esse debate e fortalecer a democracia.

Parceria e fortalecimento da rede de formação

A parceria entre CUT e DGB em projetos é histórica e já dura muitos anos. Este projeto tem duração prevista de 3 anos e está sendo conduzido pela Secretaria Nacional de Formação (SNF/CUT) de forma articulada à rede de formação CUTista – Escolas Sindicais e secretarias de Formação das Estaduais e dos Ramos.

O objetivo do encontro é que os participantes, egressos do programa Formação de Formadores Inicial turmas 2022-2023 e também a turma do FFI- Juventude 2024 conheçam o programa, as atividades formativas e reflitam sobre seu papel como dirigentes formadores na disputa contra hegemônica. 

Flavia Silva, diretora da oficina Regional AL – DGBBW, falou da participação das mulheres em diversos espaços e da sua vivência como mulher na coordenação de um escritório internacional.

“A nossa luta é constante e ela está em todos os espaços. Porque quando você está num espaço internacional, essa troca intercultural aparece de uma maneira muito enfática e não é fácil, é um processo de luta, principalmente na Alemanha, que tem uma cultura tão diversa e tão diferente da nossa, de adquirir credibilidade, de lidar com preconceitos”, completou a diretora da DGBBW.

Ela reforçou que a cooperação internacional é parte da necessidade da organização e fortalecimento sindical. “No caso da CUT, neste momento vocês elegeram a política de formação como uma política importante para o momento e a gente vai junto construindo essa trajetória.”

Antônio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da CUT, representante do Brasil pelos trabalhadores na Organização Internacional do Trabalho (OIT), e vice-presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), falou da importância da CUT em participar das discussões internacionais. 

“A política internacional da CUT tem diretrizes e estratégia. Nós atuamos, de um lado, naquilo que chamo de cooperação sindical ou relação sindical, quando nós nos relacionamos com os demais sindicatos do mundo inteiro levando os interesses da classe trabalhadora”, afirmou. 

Com isso, completa o dirigente, “a gente faz o diálogo sindical, levando as nossas posições e dialogando, aprendendo com o movimento sindical internacional. A gente atua na OIT, OCDE, na ONU, G20, nos Brics.”