Eleição ainda não está decidida, diz diretor do Vox Populi
Marcos Coimbra diz que ainda tem muito eleitor indeciso e que destacar os votos válidos dez dias antes das eleições é desconsiderar que até o dia 28 muitos vão escolher um candidato
Publicado: 19 Outubro, 2018 - 19h31 | Última modificação: 19 Outubro, 2018 - 19h46
Escrito por: Marize Muniz
O diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, criticou o destaque aos votos válidos que os meios de comunicação vêm dando na divulgação dos resultados de pesquisas eleitorais de institutos como o Datafolha e Ibope.
Segundo ele, eliminar a informação sobre a indecisão e a disposição dos eleitores de votar branco ou nulo faltando ainda dez dias para o segundo turno da eleição não faz muito sentido, uma vez que esses eleitores podem decidir por um ou outro candidato até o dia 28.
“Acredito que, na véspera, faz todo sentido raciocinar com o voto válido, mas faltando dez dias é como se você estivesse escondendo que tem um percentual de brancos e nulos, ou seja, de eleitores ainda indecisos”, diz Coimbra, que acrescenta: “tem muito eleitor que ainda está decidindo em quem vai votar e outros dizendo que, provavelmente, só escolherão o candidato no dia da eleição ou na véspera”. Foi o que mostrou a pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta sexta-feira (19).
E foi considerando essa variável importante - o eleitor indeciso - que o diretor do Vox Populi concluiu que esta é uma eleição que ainda não está decidida.
Coimbra usou os dados da CUT-Vox e do Datafolha para explicar o raciocínio. De acordo com ele, na simulação espontânea, a CUT-Vox apontou que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, tem 43% das intenções de voto e Fernando Haddad, do PT, tem 37%.
O resultado, disse ele, é bem diferente daquele apontado nesta quinta-feira (18) pela pesquisa do Datafolha, que priorizou a divulgação dos votos válidos. “60% a 40% é uma eleição praticamente decidida. 43% a 37% não é. É uma eleição que pode, ainda, ter mudança”, disse Coimbra que, na verdade, arredondou o resultado da pesquisa Datafolha: 59% a 41% dos votos válidos para Bolsonaro e Haddad, respectivamente.
De acordo com o diretor do Vox Populi, entre os primeiro e segundo turnos das eleições há sempre uma queda da ordem de 30% de brancos e nulos. Em 2014, por exemplo, no primeiro turno o total de brancos e nulos foi de 9%. Já no segundo turno esse número caiu para 6%.
Ele acredita que os 17% de brancos e nulos apontados no cenário estimulado da pesquisa CUT-Vox deve cair para, no máximo, 6% ou 7%.
Além disso, outro fator importante que pode mudar o quadro no dia da eleição é o escândalo do WhatsApp, divulgado pela Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, empresários estão desembolsando até R$ 12 milhões de reais para mandar mensagens com conteúdo mentiroso contra Haddad. Um crime eleitoral que pode até resultar na cassação da candidatura de Bolsonaro, se o Tribunal Regional Eleitoral (TSE) e a Polícia Federal (PF) investigarem e cofirmarem a denúncia.
Para Marcos Coimbra, parte do eleitorado que votou em Bolsonaro no primeiro turno ou que votou em outro candidato e está dizendo que votará nele no segundo turno pode rever sua intenção de voto em função das informações que recebe.
“Houve um movimento de eleitores de renda e escolaridade alta no início do segundo turno. São eleitores que já podem ter recebido essa informação e podem fazer um julgamento de que isso é jogo sujo e ganhar eleição fazendo jogo sujo não condiz com os valores do próprio eleitor”.
Coimbra acredita que essa denúncia, “imensamente grave”, pode fazer com que algumas pessoas revejam o voto dado ou sua decisão de votar no Bolsonaro no segundo turno.
“É claro que a probabilidade maior é desse eleitor permanecer com Bolsonaro. Isso depende do aprofundamento das investigações, da comprovação dessas denúncias, uma coisa que compete à imprensa e ao Judiciário”.
Para o diretor do Vox Populi, o que ele chama de ‘ataque cibernético’ dos apoiadores de Bolsonaro contra Haddad tirou muito voto do candidato do PT, especialmente no eleitorado evangélico. Mesmo assim, Haddad manteve uma margem maior de votos no segmento mais popular que o Datafolha não mostra porque, provavelmente, faz uma amostragem maior no Sul e Sudeste, onde a intenção de votos em Bolsonaro é maior.