Eletricitários iniciam campanha pela reestatização da Eletrobras
Categoria colhe assinaturas em manifesto pedindo a reestatização da Eletrobras, que além de ter sido vendida abaixo do preço pelo governo federal, provocará aumentos nas contas de luz
Publicado: 07 Julho, 2022 - 16h55 | Última modificação: 07 Julho, 2022 - 17h00
Escrito por: Rosely Rocha | Editado por: Marize Muniz
Apesar do processo de venda da Eletrobras ao setor privado ter sido concluído pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), os trabalhadores e trabalhadoras da estatal ainda têm esperanças que esse patrimônio público volte às mãos do povo brasileiro.
Para isso, os eletricitários estão fazendo uma campanha de recolhimento de assinaturas de dirigentes sindicais, movimentos sociais, de entidades do setor e políticos que defendem a reestatização da empresa. Após a coleta, as assinaturas serão entregues em um documento ao ex-presidente Lula que, segundo o Coletivo Nacional de Eletricitários (CNE), sinalizou como pré-candidato, que reestatizará a Eletrobras, caso seja eleito na próxima eleição presidencial.
“Na última eleição entregamos um manifesto em defesa da Eletrobras para todos os candidatos progressistas à presidência. Neste ano, como o único que se manifestou até o momento em reestatizar a Eletrobras e tem mais possibilidade de ser eleito, foi Lula, que está à frente nas pesquisas eleitorais, nós pretendemos entregar a ele o documento”, diz Ikaro Chaves, membro do CNE.
No “Manifesto Pela Reestatização da Eletrobras”, os trabalhadores da estatal enumeram alguns motivos pelos quais o Estado deve reassumir o comando da maior empresa de energia elétrica da América do Sul.
Entre os motivos estão os processos de reestatização de empresas de energia em importantes países do mundo como a França, que anunciou recentemente, a proposta com o objetivo de abandonar os combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, migrando para uma matriz energética ecológica e sustentável.
No Brasil, ao contrário, traz o manifesto, o governo aceitou a inclusão no processo de venda, que a empresa será obrigada a contratar 8.000 MW de termelétricas a gás, em regiões onde não há gasodutos, ao custo de mais R$ 50 bilhões aos consumidores brasileiros, além de sujar nossa matriz energética, contribuindo para o agravamento da crise climática global.
Prejuízos para a população
De acordo com os eletricitários, o patrimônio da empresa está avaliado em quase R$ 400 bilhões, mas foi entregue ao setor financeiro nacional e internacional por um preço 15 vezes inferior. Ou seja, dinheiro do povo jogado fora.
Além do valor muito abaixo na venda, as contas de luz vão aumentar ainda mais. A previsão é de que fiquem mais caras em torno de 17% com a descotização. A lei da privatização prevê um mecanismo chamado descotização, que nada mais é do que obrigar o consumidor que já pagou pela construção das hidrelétricas ao longo de décadas, por meio da tarifa, a pagar novamente pelas mesmas usinas.
Dessa forma, os consumidores que hoje pagam em média R$ 65 pelo MWh dessas usinas, terão que pagar o valor de mercado, que no ano passado foi de R$ 332 por MWh. Por ano o impacto dessa descotização será de quase R$ 20 bilhões, que vão sair do bolso do consumidor para as contas bancárias dos novos donos da Eletrobras.
Para assinar a petição e ler a íntegra do “Manifesto Pela Reestatização da Eletrobras”, clique aqui.