Em 2022, contas de luz vão subir mais de 21% e Bolsonaro é o culpado. Veja por que
Previsão de novo reajuste da tarifa em 2022, de 21,04%, não tem a ver com a falta de chuva e, sim, com a má gestão do governo Bolsonaro que não agiu antes da seca, diz engenheiro da Eletrobras
Publicado: 19 Novembro, 2021 - 08h30 | Última modificação: 19 Novembro, 2021 - 08h35
Escrito por: Rosely Rocha | Editado por: Marize Muniz
Em 2022, as tarifas de contas de luz devem subir cerca de 21,04%, o maior reajuste dos últimos sete anos, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que projetou o "impacto tarifário médio.
Mas, ao contrário do que diz o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), a culpa pelos aumentos não é apenas da falta de chuvas, é também da má gestão federal que não agiu antes dos efeitos dramáticos da pior seca dos últimos dos últimos 91 anos no Brasil.
Ao divulgar o reajuste do ano que vem, a Aneel justificou que essa é uma das medidas adotadas pelo governo para garantir o abastecimento de energia, de acordo com um documento obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo. Neste ano, a mesma desculpa foi dada nos reajustes decretados que acumulam alta de 7,04% para o consumidor residencial. Em 2020, a alta média acumulada foi de 3,25%.
“A crise energética não é causada pela falta de chuva”, afirma categoricamente o engenheiro elétrico da Eletrobras, Ikaro Chaves.
O governo já sabia que, de novembro a maio, época chuvosa, não cairia água suficiente no país para abastecer os reservatórios das hidrelétricas, diz Ikaro, que é também diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel).
Mas, ao invés de contratar menos termoelétricas e as mais baratas antes do final do período de chuvas, preferiu esperar secar os reservatórios para depois contratar todas as termoelétricas a preços muito mais caros, explica o dirigente.
Para o engenheiro, trata-se de um projeto deliberado do governo, que poderia ter evitado esta tragédia, por preferir dar lucro às empresas do setor e as de petróleo e gás, que vendem esses combustíveis para manter em funcionamento as termoelétricas, que cobram pelo megawatt cerca de 250 vezes mais do que o custo de uma hidrelétrica.
“O governo tem pago pelo megawatt/hora de uma termoelétrica R$ 1.600, enquanto o custo de uma hidrelétrica sai a R$ 60, e este dinheiro sai do bolso do povo para os acionistas das empresas de energia, petróleo e gás”, afirma o engenheiro.
Eu particularmente estou convencido, e outros estudiosos do setor também, é de que temos uma política de governo voltada ao aumento da conta de luz, porque é dinheiro para as empresas, para o setor financeiro, para fundos internacionais, e a crise fica para nós. A energia cara não é uma fatalidade, é um projeto
“É como se a gente gastasse todo dinheiro da poupança, sem necessidade, e depois fosse buscar dinheiro emprestado, pagando juros estratosféricos”, diz o engenheiro da Eletrobras. Apesar do lucro, governo quer vender a Eletrobras.
O diretor da Aesel compara o desmonte da Eletrobras ao desmonte da Petrobras, que apesar dos lucros, está na mira de privatização do governo Bolsonaro.
“O lucro da Eletrobras, até setembro deste ano, foi de R$ 5,1 bilhões, sendo que deste total foram pagos R$ 2,5 bilhões em dividendos para acionistas privados, que não investem no setor. Por isso, eles mantêm a energia cara”, afirma Ikaro.
Ainda segundo ele, a falta de investimentos em energia segura e renovável, vem desde o governo do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), mas a crise energética se aprofundou de forma irresponsável, a partir de como foi operado o sistema de hidrelétricas, entre o final de 2020 e início de 2021, no governo Bolsonaro.
“Com essa crise energética que vivemos, de elevação absurda dos preços, a única politica efetiva que o governo vem se esforçando é piorar a situação com aumentos na tarifa, para vender a Eletrobras”, ironiza o engenheiro elétrico.
Brasil pode ter a tarifa residencial mais cara do mundo
A tarifa residencial do Brasil é a segunda mais cara do mundo, atrás apenas da Alemanha, de acordo como último balanço da Agência Internacional de Energia – EIA (International Energy Angency), mas poderá vir a ficar em primeiro lugar, num título nada lisonjeiro. Até o final deste ano o Brasil poderá ter a tarifa de energia mais cara do mundo, de acordo com Roberto D’Araújo, diretor da organização não governamental, Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), diante dos constantes aumentos e as mudanças de bandeiras tarifárias.