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Em assembleias nesta terça, trabalhadores dos Correios devem decidir por greve

Em reunião com representantes dos trabalhadores e trabalhadoras, o ministro Kassab se mostrou irredutível na negociação com o Comando de Greve e manteve a proposta de extinção da maioria dos benefícios

Publicado: 07 Agosto, 2018 - 12h11 | Última modificação: 08 Agosto, 2018 - 18h27

Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT

Reprodução
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Trabalhadores e trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares (ECT) realizam assembleias em todo o país a partir das 19h desta terça-feira (7) para decidir se param, ou não.  Caso o indicativo seja de greve, a categoria inicia a paralisação a partir das 22h, horário da entrada do terceiro turno de trabalho na empresa.

Como parte da campanha salarial, cuja data-base é 1º de agosto, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) e sindicatos filiados, já anunciaram que a categoria deve fazer a maior mobilização da história dos funcionários dos Correios.

O comando de greve e mobilização avalia que vai sim ter greve, explica ao Portal CUT o Secretário-Geral da Federação, José Rivaldo da Silva. Em reunião de mais de duas horas na tarde desta segunda-feira (6), com o ministro Gilberto Kassab, da pasta de Ciência e Tecnologia, se mostrou irredutível em aceitar a negociação colocada pelos representantes dos funcionários.

“A proposta do governo é de retirada de direitos. Eles querem mexer em tudo: nos nossos benefícios sociais, fim do vale cultura, na redução do número de folhas do ticket, querem alterar cláusulas que protegem trabalhadores que se acidentam”, argumenta o dirigente.

Após a reunião, a Fentect divulgou nota pedindo aos trabalhadores que "intensifiquem as próximas mobilizações dos sindicatos, com participação maciça nas assembleias do dia 7 de agosto e nos atos das entidades".

"A ECT está promovendo o sucateamento não somente da empresa, mas da vida dos próprios empregados, com o desrespeito às lutas passadas e às conquistas alcançadas", denuncia a entidade em trecho da nota.

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"Não há qualquer garantia aos empregados e, mais uma vez, a empresa tenta usar a reforma Trabalhista para amedrontar e confundir a categoria, já que teme as paralisações em todo o Brasil”, diz outro trecho da nota.

Os trabalhadores e as trabalhadoras estão sofrendo as consequências do  desmonte promovido pelo governo do golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), que vem atacando direitos conquistados com apoio até da Justiça.

“O Tribunal Superior do Trabalho (TST)”, conta Rivaldo, “decidiu que temos que pagar pelo plano de saúde e isso está gerando uma fatura que não estamos conseguindo pagar porque nosso orçamento foi reduzido em mais de 22%”.

“Para se ter uma ideia, quem recebia cerca R$ 2.400 líquidos, hoje está ganhando por volta de R$ 1.800 com os descontos em folha do plano de saúde. Não é pouca coisa para quem tem de sustentar uma família. A maioria dos nossos sindicalizados teve de reinventar o orçamento para poder se adequar a esse ajuste. Isso, por si só, já nos leva a fazer a greve”.

Os trabalhadores e as trabalhadoras só não aprovarão a paralisação, afirma Rivaldo, “se até o final desta terça a Empresa apresentar alguma proposta menos aniquiladora, o que achamos difícil já que a direção [da ECT] apresentou duas propostas inegociáveis do ponto de vista da classe trabalhadora”.

“Estamos praticamente pagando para trabalhar”, desabafou o secretário-geral da Federação.

A direção da empresa pública tentou estender as negociações para o próximo dia 14, mas a proposta foi rejeitada. Para os trabalhadores, trata-se de uma manobra para fragilizar o acordo coletivo vigente e promover cortes em direitos e no pessoal.

Ainda de acordo com o dirigente, os trabalhadores e trabalhadoras entendem que a intenção da direção dos Correios é desmobilizar a categoria e manter uma política de cortes e privatizações, que vigora em outros setores.

O Comando de Greve entende que essa postura da ECT nada mais é do que a continuidade da política do desgoverno Temer, “que vem intensificando ataques às estatais, sucateando e retirando direitos dos trabalhadores, para privatizar e entregar o patrimônio nacional na mão do capital privado, vendendo todas as riquezas do país ao capital internacional. Nós não aceitaremos esses ataques desse governo entreguista do Temer, e estaremos intransigentes na defesa de nossos direitos e da nossa empresa”, diz comunicado da Federação aos trabalhadores.