Escrito por: CUT-RS
Gaúchos ocupam o Parque da Redenção, em Porto Alegre, para participar do ato contra a destruição da Amazônia
Mais de cinco mil pessoas saíram de suas casas e apartamentos, foram até o Parque da Redenção e participaram do ato contra a destruição da Amazônia na tarde ensolarada deste sábado (24), em Porto Alegre.
A mobilização convocada em menos de 24 horas por movimentos sociais e partidos de esquerda, com o apoio da CUT-RS, mostrou a indignação de jovens, trabalhadores e aposentados diante do desmatamento e das queimadas no governo de Jair Bolsonaro (PSL), cujas imagens sensibilizaram nos últimos dias o Brasil e o mundo e criaram um movimento sem fronteiras em defesa da maior floresta tropical do planeta.
Vieram também participar muitas famílias com suas crianças, várias trazendo chimarrão, que se juntaram à juventude que ergueu faixas contra a política ambiental desastrada do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo).
Muitos cartazes pediam a saída do ministro e a proteção da Amazônia, bem como denunciavam o “ecocídio” e o desmonte das políticas de preservação ambiental pelo governo. Também foram empunhadas várias faixas de “Lula livre” e contra a reforma da Previdência.
“Amazônia fica, Bolsonaro sai” e “um, dois, três, quatro, cinco, mil, ou param as queimadas ou paramos o Brasil” eram as palavras de ordem mais entoadas pelos manifestantes, que se concentraram ao redor do Monumento ao Expedicionário. Depois, eles fizeram uma caminhada que contornou o parque, passando em seguida pelas avenidas João Pessoa, Osvaldo Aranha e José Bonifácio.
Primavera dos indignados: um projeto de esperança
“Estão queimando não só a floresta, mas também estão queimando a aposentadoria e as leis trabalhistas, estão queimando a educação, estão queimando as empresas públicas. Essa gente não tem coração nem responsabilidade com o povo brasileiro e. por isso. temos que estar indignados”, afirmou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
Ele ressaltou a importância dessa manifestação, assim como em outras cidades e em frente a embaixadas brasileiras em países da Europa. “Estamos construindo o início do que pode ser a primavera dos indignados. As pessoas estão brabas com o desemprego, com as reformas do Bolsonaro que retiram direitos, com a precarização do trabalho e aqui ainda com o megaprojeto de carvão em plena região metropolitana de Porto Alegre que até hoje não foi esclarecido”, frisou. “Estão rifando o nosso futuro.”
“A primavera dos indignados deve ser um projeto de esperança e de dias melhores, o que só é possível ser conquistado nas ruas”, defendeu o dirigente da CUT-RS.
Querem também entregar o patrimônio público
Nespolo denunciou também que “o sonho deles é entregar a Petrobras aos americanos e às multinacionais, mas para evitar qualquer comoção querem vender a Petrobras aos pedaços, como a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas”
Ele também criticou o governo do Estado. “Aqui querem entregar todo o setor de energia. O governador Eduardo Leite (PSDB) está preparando a venda da CEEE, CRM e Sulgás. Temos que acordar a população porque depois não adianta ficar sonhando com a volta do PT e da esquerda para voltar tudo ao que era, uma vez que não volta mais porque recolocar as coisas no lugar de antes é muito difícil”, explicou.
"Precisamos construir uma grande aliança antifascista e neoliberal para derrotá-los nas urnas já em 2020", apontou Nespolo.
“Temos que impedir que liquidem o patrimônio dos gaúchos e do povo brasileiro. Tudo isso foi construído a duras penas. Essa classe dominante está assaltando o Brasil para tirar o máximo no menor tempo possível, sem qualquer compromisso com os pobres, com o combate às desigualdades e com a democracia. Querem apagar o legado do PT e do Lula e deixar o Brasil num grande fazendão, com precárias condições de saúde, educação, trabalho e moradia”, salientou.
Para Nespolo, “quem tem amor profundo pelo país não quer ver destruído o Brasil, nem a Amazônia, nem a natureza, que é a nossa casa comum, como já ensinou o papa Francisco”.
O presidente da CUT-RS defendeu ainda a liberdade de Lula. “Que democracia é essa quando o presidente mais popular na história do Brasil está injustamente preso há mais de 500 dias?”, questionou.
Governo está destruindo patrimônio mundial que é a Amazônia
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Isis Marques, disse que “esse governo está destruindo, além dos direitos, o patrimônio mundial, que é a Amazônia. Isso é inadmissível”. Para ela, “é bonito de ver as pessoas unidas por um bem comum, que é a preservação da Amazônia, o pulmão o mundo”.
“Nós temos que respeitar e preservar a fauna e a flora, que é a nossa maior riqueza”, frisou Isis. “Temos que vir para as ruas, que é o nosso lugar de debate, de discussão e de democracia. São as ruas que temos de ocupar para conversar com as pessoas, a fim de defender a soberania deste país. Eles não passarão.”
O diretor do Sinpro-RS, Celso Stefanoski,, defendeu “fora Bolsonaro porque em todas as áreas esse governo está nos maltratando, como a educação e as florestas”. Para ele, “esse movimento pela Amazônia é importante para que a gente possa ter um país e a sobrevivência das próximas gerações”.
“Não queremos um país destruído”
O diretor do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Adelto Rohr, disse que “essa manifestação é a defesa do nosso planeta. É aqui que nós temos que ficar e viver e, por isso, temos que defendê-lo”. Ele lembrou que “o projeto do atual governo começou com mudanças na demarcação das terras indígenas e com a expansão do agronegócio. O dinheiro está por trás de tudo isso”.
Para Adelto, o desmonte do controle de fiscalização do Ibama está ligado a interesses que não são os da nação e do povo brasileiro. “Temos que mostrar indignação porque é outro país que nós queremos. Não é um país destruído. Nós temos que construir uma nação forte e soberana para dar condições dignas para as pessoas viverem com solidariedade”.
Marchezan quer entregar água para a iniciativa privada
“Aqui o prefeito Marchezan, filhote da ditadura, está querendo entregar o patrimônio público para a iniciativa privada, a fim de ganhar dinheiro às custas da precarização do serviço público”, denunciou Adelto.
“O Simpa conseguiu na Justiça impedir a terceirização dos postos da Vila Bom Jesus e da Lomba do Pinheiro. Agora está na mira o DMAE, que leva água de qualidade para a população e é superavitário. Mas o prefeito quer entrega-lo à iniciativa privada para alguém ter lucro”, alertou.
Defender a Amazônia é um ato de soberania nacional
“É uma luta em defesa da vida”, disse o ex-ministro Miguel Rossetto ao salientar que “as chamas da floresta amazônica tocaram a todos nós”. Segundo ele, “a indignação e a perplexidade nos fazem estarmos juntos”.
“Estamos vivendo dramaticamente as consequências de um governo irresponsável que promove o ódio e a destruição dos direitos do trabalho, da vida e da natureza. É um presidente que promove a morte”, observou.
Para Rossetto, “defender a Amazônia é um ato de soberania nacional. É um patrimônio dos indígenas, dos ribeirinhos e dos quilombolas. São as comunidades que vivem na Amazônia. É preciso transformar a nossa indignação em atos políticos e dizer que chega de ódio, de destruição e de venda das estatais”.
Para a deputada estadual Sofia Cavedon (PT), “a Amazônia queima de forma devastadora, muito devido ao retrocesso na política ambiental implantada pelo governo Bolsonaro”.
A representante da Marcha Mundial de Mulheres do Rio Grande do Sul, Maria do Carmo Bittencourt, enfatizou que “a Amazônia é uma questão de soberania nacional e defesa dos povos da floresta”. Ela destacou que “as mulheres devem ser livres e os povos têm direito à soberania”.