Em ato no Rio, sindicalistas cobram política de preservação dos empregos
Trabalhadores da Lojas Americanas relatam tensão, medo de perder o emprego e não receber nada
Publicado: 03 Fevereiro, 2023 - 12h42 | Última modificação: 03 Fevereiro, 2023 - 12h48
Escrito por: Tatiane Cardoso e Rosangela Fernandes, CUT-Rio
Dirigentes do Sindicato dos Comerciários, CUT e demais centrais sindicais realizaram um ato nesta sexta-feira (3), em frente à sede das Lojas Americanas, na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro, em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras da empresa, que correm risco de perder seus empregos e ainda não receber as verbas rescisórias.
Centrais vão à Justiça para garantir direitos dos trabalhadores do grupo Americanas
O clima entre os trabalhadores é de tensão desde que começaram a sair as notícias sobre o rombo no Grupo Americanas. A princípio, em comunicado aos acionistas, a direção da Americanas disse que o rombo era de R$ 20 bilhões. Depois, o valor subiu e já passa de R$ 43 bilhões.
Não há informações precisas sobre o futuro da empresa nem o dos trabalhadores.
“Total incerteza”, diz Darlana Santiago, funcionária das Americanas há 9 anos.
“Os trabalhadores não têm informações da empresa. Só sabemos o que a imprensa divulga. Internamente nada é falado”, afirma a trabalhadora, que complementa: “A postura deles é dizer que tudo está normal”.
Está com medo de perder o emprego e, o pior, não receber nada.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Comércio e Serviço da CUT (Contracs/CUT), Julimar Roberto, destacou a união das centrais na luta pelos empregos e afirmou que os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira devem ser responsabilizados.
“Dinheiro não some. Esse dinheiro foi para algum lugar, foi para alguém e, pelo que tudo indica foi através de fraude. Isso tem que ser esclarecido e o que nós queremos é preservar os direitos dos mais de 40 mil trabalhadores”, disse Julinar.
O presidente da CUT-Rio, Sandro Cezar, também esteve ao lado dos trabalhadores da empresa na mobilização e defendeu que o governo federal intervenha para que os trabalhadores e as trabalhadoras não sejam demitidos e tenham seus direitos assegurados.
"Os trabalhadores não podem ser punidos por conta de uma jogada na bolsa de valores, que levou a empresa a um rombo de mais de R$ 43 bilhões. O Governo pode e deve ajudar", afirmou Sandro, que fez uma crítica ao tal censo comum de que empresas privadas são mais eficientes.
Segundo Sandro, todos atacam as empresas públicas, mas as empresas privadas brincam e especulam no mercado financeiro com o dinheiro de toda a sociedade. "Precisamos de mais Estado e menos privatizações. Não podemos aceitar o Estado mínimo", concluiu Sandro.
Márcio Ayler, presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, ressaltou o quanto é simbólico que as manifestações tenham se iniciado na capital fluminense, local da sede da empresa.
"Temos que chamar a atenção da sociedade civil. São mais de 40 mil trabalhadores diretos, que estão inseguros, sem saber o que vai acontecer após esse rombo de mais de 40 bilhões de reais. Estamos cobrando uma política de preservação dos empregos e o Rio de Janeiro é só o início", afirma. A partir de agora, as manifestações vão acontecer em todos os estados do país.
Nas falas da manifestação, a avaliação de que o quadro hoje é agravado pelas consequências da reforma Trabalhista. Antes da mudança da legislação, as homologações das rescisões eram realizadas nos sindicatos. Hoje, se o trabalhador não entrar em contato com o sindicato, ninguém sabe o que está acontecendo. "Estamos aqui para lutar também para que isso seja revogado", esclareceu o presidente do Sindicato dos Comerciários.