Em ato no RS, sindicalista reforça a luta contra a destruição da aposentadoria
"Vamos reagrupar forças para pegar no pé dos deputados", disse Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, lembrando que depois da segunda votação na Câmara dos Deputados o texto tem de passar no Senado
Publicado: 15 Julho, 2019 - 11h03 | Última modificação: 15 Julho, 2019 - 11h14
Escrito por: CUT-RS e CPERS Sindicato
A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados não acabou a resistência da CUT-RS, centrais sindicais e movimentos sociais para impedir a destruição dos direitos de aposentadoria do povo brasileiro.
Em ato realizado no final da tarde de sexta-feira (12) em frente à Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, trabalhadores e estudantes garantiram que a luta continua para barrar a votação em segundo turno depois do recesso de julho, já agendada para o dia 6 de agosto.
Vamos reagrupar forças para pegar no pé dos deputados.
O dirigente lembrou que a proposta ainda precisa ser votada em dois turnos no Senado.
A mobilização ocorreu ao mesmo tempo em que ocorria um ato em Brasília promovido pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Apagão de contraponto na mídia
O presidente da CUT-RS destacou que o ponto positivo do processo de tramitação na Câmara foi a retirada do regime de capitalização, mas o texto aprovado “ainda é muito ruim”.
Ele frisou que a grande dificuldade enfrentada é “o apagão de contraponto” na mídia tradicional. “Esse apagão demonstra que estamos num período de exceção. Não é possível votar uma matéria desse calibre com essa ausência de debate”, observou Nespolo, lembrando que o rádio e a TV são concessões públicas e, por isso, deveriam abrir espaços para ouvir os dois lados, para que o povo possa formar a sua opinião.
“Corja de deputados ladrões de direitos”
O secretário-geral adjunto da CUT-RS, Amarildo Cenci, destacou que “nós estamos com uma tarefa desafiadora. A nossa geração tem o dever de não entregar aos que virão depois de nós um país pior do que recebemos”.
“Se tem alguma coisa que não podemos nos omitir neste momento é denunciar essa corja de deputados ladrões de direitos. Eles estão vendendo os nossos direitos à custa de emendas. Eles estão assaltando gerações e gerações que não irão conseguir se aposentar”, disparou Amarildo, que é também diretor do Sinpro-RS.
Ele explicou que as emendas visam, sobretudo, garantir novas ambulâncias para as prefeituras das bases eleitorais dos deputados, que após dois anos nas estradas viram “cacarecos”, dizendo que não se pode fazer essa troca pelos direitos de aposentadoria.
Chamar os trabalhadores para reverter essa situação
“Eles tiraram a capitalização, mas tem maldade maior do que manter a idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres? A maioria não vai conseguir se aposentar”, ressaltou o dirigente da CUT-RS, denunciando “os interesses dos banqueiros” em vender planos de previdência privada.
Para Amarildo, “o nosso dever, a nossa aula de cidadania, a nossa aula de luta, está nas ruas denunciando esses deputados e senadores, mas ao mesmo tempo fazendo a disputa de projeto. Não é esta sociedade que nós defendemos”.
Segundo ele, “o projeto deles é nos transformar na China do século 19, uma grande fazenda de pobres e explorados que serviam apenas para produzir alimentos e exportar matéria prima. Eles querem acabar com a nossa indústria, a educação e a esperança da nossa juventude. Queremos uma sociedade solidária, com equidade social, com educação, com trabalho, com emprego, com renda. Temos que chamar a classe trabalhadora para a luta e reverter essa situação de calamidade e construir um país justo e soberano”.
Dar resposta aos partidos que traem os trabalhadores
A presidente do CPERS Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, avaliou que é preciso construir alternativas de mobilização e de denúncia dos parlamentares e partidos que votaram a favor da reforma. “Se não soubermos dar resposta aos partidos que traem os trabalhadores, nós estaremos na rua hoje, estaremos amanhã e estaremos daqui a 20 anos, ainda perdendo direitos”, disse.
Para ela, essa construção passa, por exemplo, por desconstruir uma ideia arraigada, inclusive entre os professores, de que se vota em pessoas e não em partidos. Para criticar essa postura, ela citou como exemplo o caso do deputado federal Danrlei de Deus (PSD), eleito pelo carinho que a torcida do Grêmio nutre por ele e que votou a favor da reforma.
“O Danrlei é o exemplo daquelas pessoas que votam na pessoa e não votam em partido. Os partidos que querem arrebentar com os nossos direitos oferecem essas pessoas. Ou a gente se politiza, ou a gente fiscaliza, ou ainda teremos muitos anos para estarmos nas ruas brigando pelos nossos direitos e os vendo escorrendo pelos nossos dedos”, explicou.
Defender nossos direitos é não deixar esses canalhas se reelegerem
“Ano que vem é ano de eleição, e o grande desafio é somarmos forças e dizer: partido que votar contra nós na Previdência tem que ser derrotado. Porque é assim que se muda o país. E se não tivermos capacidade de fazer isso, continuaremos caminhando na rua infinitamente sem resultados. Defender nossos direitos é não deixar esses canalhas se reelegerem”.
Houve também manifestações de dirigentes da Intersindical, CGTB, CTB e CSP-Conlutas, além de representantes dos estudantes e movimentos sociais.
Foi destacada a importância da nova greve nacional pela educação, marcada para o dia 13 de agosto. A agenda é uma das deliberações da 9ª Conferência Nacional de Educação Paulo Freire – Educação Libertária e Democrática: construindo o movimento pedagógico Latino-Americano. O evento foi promovido pela CNTE.
Na mesma data ocorrerão em Brasília a Marcha das Margaridas e a entrega dos abaixo-assinados contra a reforma da Previdência ao Congresso.