Escrito por: Redação CUT
Segundo advogado de ex-presidente, Lula falou durante 10 minutos à delegada da PF que investiga a ocupação da unidade do Edifício Solaris, no Guarujá, pelo movimento em abril de 2018
A delegada Luciana Fuschini, da Polícia Federal (PF), ouviu o ex-presidente Lula na manhã desta terça-feira (26) sobre a ocupação do tríplex do Guarujá, coordenada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em abril de 2018.
A história começa com o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, afirmando, sem provas, que o tríplex era Lula e, portanto, o ex-presidente deveria ser condenado por uma suposta reforma feita no imóvel pela construtora OAS, verdadeira dona do imóvel. Moro condenou Lula a 9 anos e meio de prisão pela suposta corrupção e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) não só confirmou a setenteça como aumentou a pena para 12 anos e meio de prisão.
Num discurso antes de se entregar a PF no dia 7 de abril do ano passado, Lula afirmou que tinha sido condenado por "um desgraçado de um apartamento que eu não tenho”. E continuou dizendo que já tinha pedido para o Guilherme Boulos, líder do MTST, mandar o pessoal dele ocupar o imóvel, pois se era dele, era do povo, como já tinha dito em outras ocasiões.
“Se eles me condenaram, me deem pelo menos o apartamento. Eu até já pedi para o Guilherme Boulos mandar o pessoal dele ocupar aquele apartamento. Já que é meu, ocupem”, disse Lula no discurso.
No dia 16 de abril, representantes do MTST, ocuparam o tríplex em protesto contra a prisão política de Lula, sem crime e sem provas de que o apartamento fosse sua propriedade.
“Se é do Lula, é nosso”, diz uma das faixas estendidas na varada do apartamento.
De acordo com o advogado de Lula, Manoel Caetano Ferreira, a audiência desta terça-feira foi rápida. Durou cerca de 10 minutos. "A delegada queria que ele esclarecesse o que queria dizer no dia do discurso em São Paulo, e ele disse que estava num momento de indignação pela injusta condenação pelo TRF4”, explicou o advogado após o depoimento, em Curitiba, onde Lula é mantido preso político.
“Foi uma força de expressão que utilizou ao dizer que, se o apartamento fosse dele, o Guilherme Boulos e seu pessoal poderiam ocupar. Como Lula não conversou com Boulos após esse discurso, ele não incitou a ocupação. Ele apenas fez a referência num discurso que durou mais de meia hora e esse trecho tem seis segundos”, afirmou Caetano Ferreira.
Questionado se considera um exagero a delegada querer um depoimento, o advogado respondeu que a contribuição que Lula poderia dar ao inquérito relativo à ocupação do condomínio pelo MTST é “praticamente nenhuma”. “A polícia está fazendo seu papel de investigar uma ocupação que houve, mas o presidente não tinha nada que pudesse ajudar no esclarecimento.”