Escrito por: Redação CUT
MP e Polícia Civil de SP investigam suspeita de racismo, homofobia e discurso de ódio
Em um áudio divulgado pelo ativista Antonio Isuperio e também na página do Twitter do Jornalistas Livres, Diego Beserra Ernesto, empresário e dono de um salão de cabeleireiros em Perdizes, bairro nobre da Zona Oeste de São Paulo, disparou uma metralhadora de ofensas e ódio contra negros, pessoas obesas, gays, feministas e petistas.
“Eu não contrato gordo. Eu não contrato petista, eu não contrato preto. Cê tá entendendo? Mas, no caso do preto, por quê? Porque alguns se fazem de vítimas da sociedade. No caso dali, a mulher, tem duas coisas, mano: gorda e preta. Ela não cuida nem do próprio corpo, entendeu? Como é que vai ter responsabilidade na vida? Não tem”, diz o cabelereiro na gravação.
Não contrato preto, gorda, petista e viado". O delinquente "cidadão de bem" é cabeleireiro e tem um estúdio em Perdizes, São Paulo.
@J_LIVRES pic.twitter.com/G3vdNYGxjD
O ativista Antonio Isuperio não se limitou a publicar os áudios em sua página, ele denunciou o cabelereiro no Ministério Público. Depois, as vítimas procuraram delegacias para registrar boletins de ocorrência por injúria racial e agora, o Ministério Público (MP) e a Polícia Civil de São Paulo estão investigando Diego por suspeita de racismo, homofobia e discurso de ódio.
Pelo menos três vítimas, todas cabeleireiras, citadas na gravação registraram boletim de ocorrência, segundo o G1. Duas delas foram ouvidas na terça-feira (7) pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Os áudios de Diego, homem branco, foram gravados e enviados para Jeferson Dornelas, um homem negro de 49 anos. Ele também é cabeleireiro e alugava uma das salas do estabelecimento de Diego para atender suas clientes.
Segundo Jeferson, a mensagem foi enviada por Diego em resposta a um comentário que ele havia feito sobre uma cabeleireira que havia desistido da vaga de auxiliar no salão.
Diego mandou outros áudios com ofensas contra negros, citando inclusive ex-funcionários dele, de acordo com relato de Jeferson. Num deles, dizia: “Tem gente que... a partir do dia que o Rodrigo virou pra mim e falou assim: ‘Você está me escravizando, eu tô cansado de ser escravo’. Ele é, tipo moreno, entendeu?! E tive um outro auxiliar também negro e tive problema. Então não me interprete mal, mas, mano, essa é minha linha de raciocínio hoje”.
Rodrigo é o cabeleireiro Rodrigo da Silva Lemos, um homem negro e gay de 29 anos que já trabalhou para Diego. O outro auxiliar negro mencionado no vídeo não foi identificado.
Nas conversas pelo WhatsApp, Diego gravou mais declarações preconceituosas contra Ana.
“Inclusive [tem] cabelo curto, é feminista”, fala o proprietário do espaço. “Não tô generalizando falando que todas são. Mas tem uma grande probabilidade de ser feminista. Feminista é um saco. Você não pode falar nada”, declara.
Homossexuais também foram alvo de Diego, que riu ao enfatizar sua aversão a eles em mais um áudio: “Esqueci de falar, mano. Não contrato mais viado [risada]. Principalmente viado. Viado... mas nem fudendo. Não contrato mais. Só se a pessoa estiver mentindo, tá ligado?!