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Em carta, Lula manda mensagem de esperança e luta às Margaridas

Publicado: 14 Agosto, 2019 - 12h23 | Última modificação: 14 Agosto, 2019 - 12h29

Escrito por: Andre Accarini

Ricardo Stuckert
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As milhares de mulheres que participam da Marcha das Margaridas, em Brasília, nesta quarta-feira (14), receberam o carinho do ex-presidente Lula, que enviou uma resposta à uma carta que recebeu as Margaridas, onde elas falam de solidariedade e a “esperança de que sua liberdade esteja próxima”.

A carta de Lula às Margaridas é um incentivo à luta delas, em um momento de adversidades no Brasil, com os retrocessos impostos pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). Muitas das políticas públicas implantadas durante os governos Lula e Dilma estão sendo desmontadas e, por isso, as cerca de 100 mil mulheres, em Brasília, nesta marcha, estão nas ruas para denunciar as consequências dos desmandos do governo. Leia a íntegra da carta no final deste texto.

A 1ª Marcha das Margaridas, foi realizada no ano de 2000, quando o Brasil ainda não vivia o desenvolvimento promovido pelo governo Lula. “Era um Brasil de fome, com crianças nas ruas e no campo, subnutridas”, relembra Carmen Foro, vice-presidenta da CUT e uma das organizadoras de várias marchas.

Carmen lembra que foi durante o governo Lula que as reivindicações das ‘margaridas’ começaram a ser atendidas. “As mulheres, principalmente do campo, eram ouvidas pelo governo”, ela conta. E algumas das conquistas da Marcha, atendidas por Lula, proporcionaram um grande passo para luta das mulheres por igualdade.

Uma das primeiras ações de Lula para as mulheres do campo foi um programa de documentação das trabalhadoras rurais. Mais de um milhão delas, sequer possuíam certidão de nascimento. Outra ação foi o Programa de Titulação Conjunta, que dava o direito à mulher de ter seu nome no registro de propriedade de suas terras.

Carta de Lula às Margaridas:

“Queridas Margaridas,

Fiquei muito feliz em receber a carta de vocês, e saber que a Marcha das Margaridas segue forte, na luta por mais direitos e um Brasil mais justo para as mulheres do campo, das florestas e das águas.

Estávamos começando a construir um país melhor, com inclusão social, um país filho da democracia, da liberdade de pensar, de falar, de se organizar e escolher seus governantes. Um país onde nenhuma mãe teria o sofrimento de não ter o que dar para o seu filho comer. Onde a energia elétrica chegue em todas as casas. Onde quem quer trabalhar no campo tenha terra para plantar, apoio para a colheita e a venda dos frutos do seu trabalho. Onde as famílias tenham casa própria. Onde os jovens tenham oportunidade de estudar, de fazer uma faculdade ou um curso técnico. Onde as pessoas tenham oportunidade de emprego e vida digna. Onde as mulheres estejam protegidas da violência doméstica pela Lei Maria da Penha. Onde as pessoas possam sorrir.

Para cada objetivo desse, da dignidade que nossa Constituição promete ao nosso povo, criamos programas sociais, políticas públicas, ouvindo a população, movimentos sociais e especialistas. Bolsa Família, Luz para Todos, Minha Casa Minha Vida, Reforma Agrária, Cisternas, Programa de Aquisição de Alimentos, apoio para cooperativas agrícolas e de extrativismo, Prouni e FIES, Brasil Sorridente, valorização do salário mínimo. Todos no mesmo sentido e objetivo: cuidar e promover a dignidade do povo brasileiro, nossa soberania, solidariedade, dignidade e independência.

Simples, não? Mas cuidar de quem precisa parece que incomoda certas pessoas.

Procuramos governar com a generosidade de uma mãe, que cuida de todos, protegendo os mais fracos. Agora o Brasil é governado pelo ódio e loucura daqueles que falam fino para os poderosos, mas fingem-se de valentes contra os indefesos.

Por isso mesmo eu quero muito cumprimentar a coragem verdadeira dessa marcha que leva as mulheres do campo para verem e serem vistas pelos poderosos de Brasília. Olhem bem para eles. E que eles enxerguem o povo da nossa terra a quem devem respeito, para quem deviam trabalhar e proteger a nossa soberania.

Queria estar com vocês mais uma vez na marcha. Será que outros presidentes que não os do PT marcharam com as mulheres do campo? Mas mesmo que eles coloquem paredes para me impedir de estar aí fisicamente, continuamos juntos, lado a lado, nessa marcha.

Esse momento difícil de hoje passará. Ele não é fim da nossa caminhada. Ele é apenas uma pausa na construção do Brasil que queremos: justo, com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência.

O povo brasileiro voltará a ser tratado com o respeito que merece. As mulheres da nossa terra voltarão a ter o respeito e carinho que merecem. O ódio não vencerá o amor. O medo não vencerá a esperança. A grosseria não vencerá a solidariedade.

Obrigado pelo abraço, pelo carinho. Sigamos em frente, sem medo de sermos felizes. As margaridas chegaram e eles não tem como deter a primavera.

Viva as Margaridas!

Viva o Brasil!

Viva o Povo Brasileiro!

 

Luiz Inácio Lula da Silva”