Escrito por: Rosely Rocha
Representantes da CUT se reúnem em Buenos Ayres, Argentina, com diversos movimento sindicais em cúpula social que antecede a sétima cúpula da Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac)
A presença da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em cúpula social que antecede a sétima edição da cúpula da Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac), que reunirá o presidente Lula e outros presidentes de países do continente, em Buenos Ayres, Argentina – país que preside temporariamente o bloco –tem como objetivos defender a democracia, combater o fascismo e a extrema direita; a fome em todo o continente latino americano e promover a integração regional entre os países.
Esta é a primeira vez que a Celac, com início nesta segunda-feira (23), terá uma proposta conjunta das organizações sociais e sindicais, e por isso que a participação da CUT na cúpula é vista pelo secretário-adjunto de Relações Internacionais da entidade, Quintino Severo como um passo importante para que em conjunto seja defendida a democracia na região das Américas.
“É muito importante que o continente de forma geral discuta a defesa da democracia e a autodeterminação dos povos latinos; queremos fazer uma discussão profunda, não só no âmbito do continente americano, mas debater internacionalmente o enfrentamento à extrema direita e ao fascismo”, afirmou Quintino Severo.
Segundo o dirigente da CUT, a extrema direita e as ações fascistas, como as ocorridas em 8 de janeiro com a invasão e vandalismo em Brasília, vem crescendo em todo o mundo e, a entidade entende que isso é danoso para a para a sociedade como um todo, mas em especial para classe trabalhadora.
“Nós do movimento sindical, da classe trabalhadora, queremos, com certeza, entrar nesse debate e compreender melhor esse processo da expansão da extrema direita que o Brasil vivenciou nos últimos quatro anos ; uma experiência muito triste e trágica, cujas consequências o país ainda está vivenciando nesse momento”, declarou.
Sobre a fome e as desigualdades sociais que assolam não só o Brasil, mas toda a América Latina, Quintino Severo ressalta que é preciso debater com o movimento sindical uma forma mais prática de gerar emprego e renda com direitos sociais.
“ Combater a fome significa discutir políticas públicas sociais e direitos trabalhistas que garantam o combate efetivo e definitivo a esse grave problema”, afirmou.
Em relação à integração regional, Quintino defende não só do sul do continente, mas no sentido mais amplo de uma integração do conjunto de todos os países da região, especialmente no âmbito da Celac.
“ Acho que esse tema é mais difícil porque tem uma série de questões, mas sem sombra de dúvida, integrar nosso continente de forma social, econômica e política é fundamental, e eu acho que a gente deve reforçar essa possibilidade”, pontuou.
Quintino, no entanto, ressalva que o Brasil deve tratar a todos os demais países igualmente e não como império.
“Essa é a grande diferença; nós não queremos que o Brasil se torne imperialista na região, mas sim parceiro dos demais países e acredito muito na capacidade, na visão do presidente Lula de não ser impor aos demais países”, ponderou.
“Tenho certeza que esse momento marca a volta do Brasil na esfera da política internacional, e a presença de Lula na cúpula da Celac será importante porque o Brasil estava ausente de outros encontros. Me parece muito oportuno e se tem esperança que a presença de Lula marque a volta do Brasil de forma organizada aqui na região latino-americana”, prosseguiu.
Além da CUT, participa da delegação brasileira o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A cúpula terá a presença de cerca de 300 dirigentes de organizações sociais, sindicais e movimentos populares de toda a região.
Lula na Celac
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá, nesta segunda-feira, 23, e na terça-feira, 24, com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e participará da 7ª Cúpula da Celac. A ida do presidente é uma retomada do país à cúpula, criada em 2011 e que reúne 32 países. Bolsonaro retirou o Brasil da Celac, em 2020 legando divergências políticas e ideológicas com Cuba e Venezuela, que fazem parte da cúpula.
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