Manifestantes protestam em frente à Rede Globo
Emissora apoiou a ditadura militar de 1964 e continua manipulando o noticiário em tempo
Publicado: 28 Março, 2016 - 10h11
Escrito por: Rafael Silva, da CUT-SP
Cerca de 30 mil pessoas saíram às ruas nesta quinta-feira (24), em São Paulo, em defesa da democracia e contra o golpe que vem sendo articulado por setores da direita brasileira. A atividade começou com ato que teve início no Largo da Batata, na zona oeste da capital, e, após uma caminhada de seis quilômetros, chegou à sede da TV Globo, na zona sul.
Com o mote “a saída é pela esquerda”, a Frente Povo Sem Medo, que reúne mais de 30 organizações, entre elas a CUT e a Frente Brasil Popular, foi a responsável pela manifestação, que teve início às 17h. Da atividade também participaram entidades que compõem a Frente Brasil Popular em São Paulo. No carro de som, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, disse ser preocupante os casos de intolerância apresentados pela direita, mas que os movimentos devem mostrar resistência.
“Nós estamos aqui para deter uma ameaça à democracia do nosso país, que busca atacar liberdades e garantias que nós temos na Constituição, que semeia a intolerância e o ódio nas ruas e que, covardemente, não aceita aqueles que pensam diferente”.
Representante da Frente Brasil Popular de SP e coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, falou que os setores que tentam derrubar o governo legitimamente eleito querem também acabar com outras conquistas. “A direita está dizendo que estamos tocando fogo no país, mas quem faz isso são eles, ameaçando os direitos dos trabalhadores, os direitos sociais. O golpe não é contra a Dilma ou Lula, mas contra os trabalhadores, a esquerda e os movimentos”, afirmou.
Sobre a escolha da TV Globo para a finalização do ato, os manifestantes disseram que se deve ao fato dessa organização ter um histórico de casos que atentam contra a democracia.
“Não é novidade nenhuma. A Rede Globo está nesse golpe, junto com outras empresas de comunicação, como esteve em 64. [Naquela época,] o jornalista e empresário Roberto Marinho, dono da Globo, estava na mesa que definiu a data do golpe”, lembrou a secretária de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT Nacional, Janeslei Aparecida Albuquerque.
A manifestação contou com a participação de representantes da cultura, que levaram suas músicas com críticas ao atual momento político, como a Liga do Funk, o DJ Tutu Moraes e o rapper Msário.
Ao caminharem pelo trajeto, que passou por avenidas como a Faria Lima e a Juscelino Kubschetck, conhecidas pela concentração de empresas de alto padrão, lojas e restaurantes fecharam suas portas e, do alto de alguns prédios, era possível ouvir panelaços - demonstração de birra que tem sido adotada pelos moradores dos bairros nobres do país. Os participantes não entraram nas provocações.
Já na sede da emissora, onde a Polícia Militar fazia a segurança, foram montadas barricadas para protegerem os portões, as luzes estavam apagadas e era possível ver uma grande quantidade de bombeiros na parte interna. Aos gritos de “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”, frases como “Não vai ter golpe!” e “Fora Cunha” eram projetadas nas paredes dos prédios.
A jovem Camila Salerno, de 21 anos, foi uma das que gritavam contra o canal, mas lamenta estar vivendo isso. Para ela, com toda essa discussão política, outros temas deixam de ser debatidos. “A gente acaba pagando, graças a esses coxinhas, por tudo o que está acontecendo com a população da classe baixa”.
O motorista e militante do movimento de moradia, Paulo de Almeida, de 58 anos, considerou importante ter ido ao ato como forma de demonstrar que população das periferias não está de acordo com o discurso dos que marcham pelo impeachment. “Sou contra o golpe e vim para ajudar a maioria desfavorecida e lutar por um Brasil melhor”.