Escrito por: Camila Araujo e Marina Vianna, da CUT-RJ

Em defesa do SUS, Frente pela Vida entrega manifesto à CPI da Covid nesta quinta (5)

Manifesto é em defesa da vida, do SUS e da democracia e em apoio a comissão que investiga ações e omissões do governo Bolsonaro durante a pandemia

Jefferson Peixoto/Secom | Fotos Públicas

Se existisse uma competição mundial por número de vítimas do novo coronavírus, o Brasil seria medalha de prata. O país é o segundo com mais mortes  em decorrência da Covid-19 no mundo, com 557 mil vidas perdidas – está atrás apenas dos Estados Unidos, que registraram 614.666 mil óbitos.

Para denunciar essa triste realidade e a condução genocida da pandemia pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), a Frente pela Vida entrega, nesta quinta-feira (5), Dia Mundial da Saúde, um manifesto em defesa da vida, do Sistema Único de Saúde (SUS) e da democracia à CPI da Covid no Senado, que apura ações e omissões do governo no enfrentamento à crise sanitária.

“Defender o SUS é também defender a democracia porque parte do exercício da democracia é o controle social e a participação popular na elaboração, implementação e fiscalização das políticas públicas”, disse ao Portal CUT o educador popular e coordenador de mobilização do Centro de Educação e Assesoramento Popular (CEAP). 

Atos pela vida

O ato da Frente pela Vida, representada pelo presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, no Congresso Nacional é apenas uma entre as muitas manifestações que vão acontecer nos próximos dias, em conjunto com as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

A ação é de extrema importância para o enfrentamento da pandemia no Brasil, principalmente para responsabilizar os agentes públicos envolvidos nos escândalos de corrupção e que atuaram de forma negacionista no combate ao vírus, afirma Sandro Cezar, presidente da CUT-Rio e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS), entidade que faz parte do CNS.

“A ideia é fazer pressão e demonstrar que a ausência de ações por parte do governo federal não pode passar impune e que nós estamos atentos a isso”, disse Sandro.

“As instituições que compõem a Frente pela Vida são instituições técnicas, sérias, envolvidas na área da saúde pública, formuladoras de políticas para o SUS e que têm um peso relevante nessa tomada de decisões e providências para resolver as questões de falta de investimento na compra de vacinas, o retardo nesse processo e a corrupção em si”, salientou o dirigente.

Eixos do manifesto

O Manifesto da Frente pela Vida tem cinco grandes eixos, que são:

- a defesa da vida;

- a defesa do SUS;

- a revogação imediata da EC 95;

- a solidariedade, ou seja, a importância das políticas públicas de direitos universais; e,

- a questão ambiental, devido ao peso da destruição dos ecossistemas na emergência de pandemias.

A médica sanitarista, Lúcia Souto, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e presidenta do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes), que integra a Frente pela Vida, defende uma radicalização na defesa da democracia, que pressupõe o controle social e a participação popular na área da saúde.  

“Vamos entregar esse manifesto à CPI porque queremos demonstrar o apoio da Frente pela Vida aos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito que vem apurando e ajudando a população a entender todo um quadro que antes era fragmentado, mostrando que houve uma intencionalidade de apostar na imunidade por contágio”, afirmou a médica sanitarista.

Para ela, o resultado dessa aposta está nas quase 600 mil mortes no Brasil, com o número de órfãos da Covid gigantesco.

“Vamos precisar fazer com o que o Brasil se responsabilize pelos impactos que só poderão ser enfrentados com políticas sociais robustas de direitos e de amparo a essas famílias”, ressaltou a doutora Lúcia Souto.

Além do ato e da entrega do Manifesto, Lucia também lembrou que a Frente pela Vida elaborou em conjunto com outras entidades “O Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19”.

O documento foi entregue no início da pandemia ao judiciário, ao Congresso Nacional e também ao executivo, à Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.

“Infelizmente, o Ministério da Saúde não nos ouviu porque nós apontamos que uma questão central era a coordenação, pelo Ministério, das ações a nível do território nacional. O Brasil não fez isso e é hoje a pior gestão da pandemia do mundo,” finalizou a médica.