Escrito por: Redação CUT

Em editorial, o francês Le Monde diz que eleição de Lula é "alívio global"

O jornal destacou o governo desastroso de Jair Bolsonaro e os desafios que Lula terá pela frente

Reprodução/Brasil247

O jornal francês Le Monde, em editorial publicado nesta segunda-feira (31), classifica a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência do Brasil como um "alívio global".

O texto destaca o governo desastroso de Jair Bolsonaro (PL) e diz que cabe a ele uma última tarefa: reconhecer o resultado das urnas. Até agora, quase 11 horas após Lula ser proclamado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o vencedor do segundo turno da aleição, Bolsonaro ainda não reconheceu a derrota.

"A democracia falou no Brasil. No domingo, 30 de outubro, ela demitiu o atual presidente Jair Bolsonaro após um mandato de alvoroço e fúria exemplificado pelo tratamento abismal da pandemia de Covid-19, o saque da Amazônia, ataques à democracia e um fluxo constante de declarações racistas, sexistas e homofóbicas. Resta agora a este líder de extrema-direita, calado na noite das eleições, uma última obrigação para com o seu país: reconhecer publicamente a sua derrota e preparar-se para uma alternância pacífica no topo do Estado".

"Quanto mais cedo melhor, o homem que muitas vezes foi comparado ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deve imitá-lo uma última vez, lançando-se em um desafio aos resultados que colocariam as instituições à prova. . O tempo para uma campanha deletéria e particularmente virulenta já passou. Agora é a vez dos desafios que aguardam o vencedor, Luiz Inácio Lula da Silva", complementa.

A eleição deste domingo, segundo o texto, foi "uma das voltas ao poder mais espetaculares já feitas em um poder do tamanho do Brasil".

O jornal destaca a dificuldade que Lula terá para encarar um país quebrado pelo bolsonarismo e com representantes desta corrente em setores do poder político. "Essa ultrapassagem foi, sem dúvida, essencial, mas não impediu o enraizamento de um populismo agressivo e a transição do bolsonarismo militante para o bolsonarismo institucional, o que se confirma neste segundo turno da eleição. Enquanto a campanha presidencial destacou a vulnerabilidade do país às inverdades veiculadas pelas redes sociais e a influência de pastores evangélicos ultraconservadores, esse bolsonarismo já está presente em vigor no Congresso do Brasil, assim como em muitos estados do gigante sul-americano, começando pela mais rica, a de São Paulo, que agora será comandada por um ex-ministro do presidente derrotado".