MENU

Em entrevista à revista Time, Lula diz que pode resolver os problemas do Brasil

 Ex-presidente estampa capa da revista com entrevista onde diz, entre outras coisas importantes, que os problemas do país só serão resolvidos quando os pobres estiverem participando da economia

Publicado: 04 Maio, 2022 - 10h43 | Última modificação: 04 Maio, 2022 - 18h21

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Reprodução
notice

"O presidente mais popular do Brasil retorna do exílio político com a promessa de salvar a nação", diz texto de reportagem de capa da revista Time com entrevista com o ex-presidente Lula (PT), divulgada nesta quarta-feira (4).

Exílio político é como a revista se refere aos 580 dias que Lula ficou preso, após uma encenação jurídica do ex-juiz Sérgio Moro que o condenou sem crimes e sem provas, retirando-o da disputa pela presidência da República em 2018. A sentença de Moro, confirmada por desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), foi anulada três ano depois pelo o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou Moro parcial e suspeito nos casos envolvendo o ex-presidente. Este mês, a ONU também concluiu que Lula foi vítima da parcialidade do ex-juiz. 

A reportagem diz que Lula, aos 76 anos, "esperava uma vida mais tranquila longe dos salões do poder". “A política vive em cada célula do meu corpo, porque eu tenho uma causa. E nos 12 anos desde que deixei o cargo, vejo que todas as políticas que criei para beneficiar os pobres foram destruídas".

Na entrevista, Lula afirma que se eleito vai levar o Brasil de volta aos bons tempos em que ocupou a Presidência da República, de 2003 a 2010, quando encerrou o segundo mandato com taxa de aprovação de 83%. 

Segundo a revista, os desafios de Lula, se eleito em outubro deste ano, serão “reavivar uma economia debilitada, salvar uma democracia ameaçada e recuperar uma nação marcada pela segunda maior taxa mundial de mortalidade ligada à Covid-19 e por dois anos de gestão caótica da pandemia”.

A revista lembra também que Lula aparece nas pesquisas com 45% das intenções de voto, contra 31% de Bolsonaro. “Porém, esta diferença está diminuindo”, destaca o texto.

A entrevista tratou de temas como o tempo em que Lula passou na prisão, a guerra na Ucrânia e os planos do petista para o Brasil. 

Lula afirmou que há uma expectativa de que ele volte a presidir o país “porque as pessoas têm boas lembranças do tempo em que eu fui presidente. As pessoas trabalhavam, as pessoas tinham aumento de salário, os reajustes salariais eram acima da inflação. Então eu penso que as pessoas têm saudades disso e as pessoas querem isso melhorado”.

Lula colocou no centro de suas propostas para o novo governo o combate à desigualdade: “Eu tenho clareza de que eu posso resolver os problemas [do Brasil]. Eu tenho a certeza de que esses problemas só serão resolvidos quando os pobres estiverem participando da economia, quando os pobres estiverem participando do orçamento, quando os pobres estiverem trabalhando, quando os pobres estiverem comendo. Isso só é possível se você tiver um governo que tenha compromisso com as pessoas mais pobres”.

 

Boa parte da entrevista é dedicada à análise do conflito entre Rússia e Ucrânia pelo ex-presidente. Lula considera que esse conflito eclodiu porque faltou investir nas negociações de paz. “Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação.”

E faltou também da ONU: “É urgente e é preciso a gente criar uma nova governança mundial. A ONU de hoje não representa mais nada. A ONU de hoje não é levada a sério pelos governantes. Porque cada um toma decisão sem respeitar a ONU. O Putin invadiu a Ucrânia de forma unilateral, sem consultar a ONU. Os Estados Unidos costumam invadir os países sem conversar com ninguém e sem respeitar o Conselho de Segurança. Então é preciso que a gente reconstrua a ONU, coloque mais países, envolva mais pessoas. Se a gente fizer isso, a gente começa a melhorar o mundo.

Confira aqui a entrevista na íntegra em português.