Escrito por: Érica Aragão
Para trabalhadores, a unidade e o tamanho da mobilização obrigaram empresa a procurar a Justiça. A paralisação só termina com garantia de direitos, afirmam sindicalistas
Em greve desde as 22 horas da última terça-feira (10), os trabalhadores e as trabalhadoras dos Correios de todos os estados, que lutam para garantir a manutenção de direitos trabalhistas e sociais no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2019/2020, foram convocados para uma audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST), nesta quinta-feira (12), às 14h00.
A empresa, que se negou a negociar com a categoria e ainda propôs retirar mais de 40 cláusulas que impactam financeira e socialmente a vida dos trabalhadores, entrou na Justiça questionando a legalidade da paralisação, que já atinge mais de 70% da categoria. O TST convocou a audiência de conciliação para que, só depois da conversa entre empresa e representantes dos trabalhadores, caso não tenha acordo, a Justiça possa julgar se a greve é abusiva ou não.
“A empresa não tinha acreditado que a gente poderia fazer uma grande mobilização, mas se enganou e agora procurou a Justiça. Estamos unidos e somos 36 sindicatos a nível nacional, que deixaram suas diferenças de lado, para lutar pelo mesmo objetivo. Até os trabalhadores do administrativo estão aderindo à greve, que cresce a cada dia”, contou o secretário de Oposição da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares, Moisés Gonçalves da Silva, conhecido como Edinho.
A luta da categoria também é contra a cobrança de uma segunda mensalidade do plano de saúde para dependentes, que impactaria ainda mais a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Segundo Edinho, a empresa já tinha, recentemente, mudado as regras do convênio e aumentado o desconto em folha dos trabalhadores alegando não ter mais condições de subsidiar o plano e passou uma parte da conta para o trabalhador. E agora querem que os trabalhadores paguem outro valor de plano de saúde para os dependentes.
“A categoria ganha em média R$ 2.000,00 e já paga em torno de R$ 500,00 de plano de saúde, como vamos pagar outra mensalidade que chegaria a, em média, R$ 1300,00? Não temos condições”.
A Justiça do Trabalho já tinha tentado intervir antes, mas não conseguiu convencer a direção dos Correios a resolver a questão do ACT. A empresa apostou numa fraca mobilização e agora o TST voltou para cena com esta convocação para a audiência de conciliação, argumenta o dirigente.
Segundo ele, o ministro do tribunal, que foi sorteado para ser o relator do dissídio coletivo, Maurício Godinho Delgado, tem um histórico progressista, mas também já julgou em defesa dos patrões em outros momentos. Por isso, acrescenta, os trabalhadores e as trabalhadoras dos Correios não têm expectativa nenhuma com esta negociação, mas têm certeza que vão continuar mobilizados até que seus direitos estejam garantidos.
“A categoria vai aguardar a resolução desta reunião com sentimento de mobilização e engrossando o movimento porque entendemos que a empresa não quer negociar e não vai querer fazer algo que contemple o trabalhador. E ainda tem este desgoverno que está a todo o momento mostrando a que veio, retirar direitos e massacrar a classe trabalhadora”, destacou.
Os trabalhadores e as trabalhadoras dos Correios em greve estão nas ruas explicando à população sobre os motivos da greve e estão nas portas das empresas conversando com a categoria sobre os rumos da mobilização.
Depois da audiência, os representantes dos trabalhadores e das trabalhadoras irão levar para a categoria o resultado da conversa com o patrão na Justiça e vão analisar, via assembleia, se é possível começar o diálogo de negociação ou não.
“A mobilização está forte e cada dia mais a categoria expressa o sentimento único que não vai entregar seus direitos. Nós vamos morrer lutando em pé e não vamos entregar ajoelhados nossos direitos que foram conquistados com muita luta”, finalizou Edinho.