Escrito por: Érica Aragão

Em greve, trabalhadores sem salários pedem socorro

Após negociações com atual governador, que é ex-sindicalista, trabalhadores e trabalhadoras da CAERD decidirão se mantém a greve

Giovana Barros
Trabalhadores da CAERD em greve ocuparam a empresa para defender direitos

“Tem colega nosso que já sofreu infarto, outro que o banco já tomou o carro e tem até colega prestando serviços domésticos para conseguir sobreviver. A gente só quer os nossos salários”, disse desesperado Arnaldo Pereira Braga, técnico de assistência de saneamento da Estação de Tratamento de Água da Companhia de Águas e Esgotos do Estado (CAERD), na capital de Rondônia.

Arnaldo é um dos mais de 600 trabalhadores e trabalhadoras da CAERD que está pedindo socorro para o governador Daniel Pereira (PSB) - que acabou de assumir o cargo no lugar de Confúcio Moura (MDB), que se afastou para disputar um cargo no Senado nas eleições deste ano - e aos outros poderes porque estão passando necessidades, sem dinheiro sequer para pagar as contas essenciais.

É pelos salários que não recebem desde dezembro do ano passado, por trabalho digno, pela readmissão dos 19 colegas concursados que foram mandados embora sem receber direitos e pela mudança da atual diretoria da empresa, que está sucateando os serviços com objetivo de privatizar, que os trabalhadores e trabalhadoras da CAERD estão em greve desde a última segunda-feira (7).

 

Saiba Mais

 

Segundo o presidente do Sindicato dos Urbanitários (Sindur), Nailor Guimarães Gato, 70% dos trabalhadores e trabalhadoras aderiram a greve, porém 100% dos serviços essenciais de abastecimento da água da cidade estão funcionando, contrariando boatos de que a população de Porto Velho vai ficar sem água por causa da greve.

“É uma tentativa de colocarem a população contra a gente, o que não é verdade”, afirma Nailor, que também é vice-presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU).

Ele também denuncia a atual diretoria da CAERD, que está no mandato há 4 anos e foi nomeada por Confúcio Moura, que tinha como principio sucatear a empresa e justificar uma possível privatização.

“Sucatear para privatizar é uma política nacional do MDB e estamos vendo isso com o projeto de privatização da Petrobras e da Eletrobrás. Querem vender nossas empresas e deixar os trabalhadores e trabalhadoras a míngua”, disse Nailor.

A secretária da Mulher do Sindur e da FNU, Giovana Barros, também contou que os 4 meses de salários atrasados não foi a primeira ação da direção da CAERD rumo a privatização.

“Há anos a gente está neste embate. A empresa está pagando a gente em lotes e aos poucos, mas, ao mesmo tempo, gasta milhões com cargos comissionados”, denuncia Giovana.

Vários atos de protestos dos trabalhadores e das trabalhadoras já aconteceram na região. O último foi uma encenação do enterro da diretoria da CAERD como referência a uma das reivindicações da categoria que é a exoneração do colegiado.

Assembleia dos trabalhadores da CAERD

 

Esperança e negociações

A luta dos trabalhadores e trabalhadoras e a troca de cadeiras no executivo devolveu a esperança aos servidores da Caerd, em Porto Velho. Segundo Nailor, a confiança dos trabalhadores aumentou com a entrada do governador Daniel, que é ex-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da região.

“As negociações só começaram depois que o vice-governador Daniel Pereira  foi empossado governador do Estado. No dia seguinte ele veio até o sindicato e prometeu que ia mudar a direção da CARED e acertar os salários”.

E é o que está acontecendo. Na última semana as negociações entre o governo de Rondônia e trabalhadores e trabalhadoras da Companhia de Águas e Esgotos do Estado (CAERD) estão a todo vapor. Depois de várias reuniões com a casa civil, nesta quinta-feira (10) acontecerá uma reunião com o Conselho administrativo da empresa que exonerará a atual diretoria e nomeará uma nova.

Segundo o presidente do Sindicato dos Urbanitários (Sindur), Nailor Guimarães Gato, depois que a nova diretoria assumir e negociar o que for melhor para os trabalhadores e para as trabalhadoras, a assembleia decidirá os rumos da greve.