Em Minas Gerais, metalúrgicos entram em greve na Teksid do Brasil e Nemak
Publicado: 02 Julho, 2008 - 10h37
Em assembléia no período desta terça-feira (01/07), o metalúrgicos da Teksid do Brasil e da Nemak, em Betim, decidiram manter a greve iniciada à meia noite de ontem. Por pouco, entretanto, a assembléia não pôde ser realizada, em razão de um confronto entre chefias e trabalhadores, controlado pela Polícia Militar.
O tumulto teve início depois que as empresas orientaram suas chefias a se juntarem aos grevistas, para convencê-los a interromper a paralisação, o que acirrou os ânimos na portaria das fábricas. O principal motivo da paralisação são as propostas de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) relativa a 2008 feitas pelas empresas.
*Atualizado às 17h30
Entenda o caso
Os metalúrgicos na Teksid do Brasil e Nemak, em Betim, estão em greve desde segunda-feira (30). A decisão de paralisar a produção nestas duas empresas foi tomada em assembléia conjunta, realizada nas portarias das fábricas, pouco antes do início do turno de zero hora do dia 30 de junho.
O principal motivo da paralisação são as propostas de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) relativa a 2008 feitas pelos patrões.
Até o momento, a Teksid do Brasil oferece R$ 2.400,00 - caso a meta de produção fosse alcançada, o valor seria acrescido de R$ 100,00. Já a proposta da Nemak é de R$ 2.000,00. Os trabalhadores, por sua vez, reivindicam R$ 3.000,00 em ambas as empresas. Além disso, os metalúrgicos na Teksid do Brasil querem uma solução para outros problemas como a obrigação de comparecer ao trabalho aos sábados para compensar folgas concedidas durante a semana e as diferenças salariais entre contratados que cumprem funções idênticas.
A Teksid do Brasil - que pertence ao Grupo Fiat - é fornecedora de blocos de motores da montadora instalada em Betim e emprega 3.800 trabalhadores. A Nemak, que fabrica peças fundidas de alumínio para a Fiat e outras montadoras, possui 1.400 funcionários.
E provável, portanto, que a greve venha a afetar a produção da montadora italiana, líder de vendas no segmento de comerciais leves em 2008, mas, até o momento, as empresas não mostraram disposição de negociar com o Sindicato dos Metalúrgicos de Betim.
Desrespeito à Lei
Na tentativa de dar fim à greve, a Nemak passou a veicular mensagem em duas das maiores rádios da Região Metropolitana de Belo Horizonte a partir desta terça-feira para anunciar que está contratando e orientar os interessados a comparecerem à empresa de posse de currículo e documentação pessoal.
O procedimento é vedado pelo artigo 7º da Lei 7.783/1989, que só admite a contratação de trabalhadores para substituir grevistas em atividades consideradas essenciais à população, quando a paralisação resultar em prejuízo ao patrimônio em virtude da deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos ou se o funcionamento for essencial à retomada das atividades após o fim da greve.
A mesma iniciativa foi tomada pela Teksid do Brasil, que, também a partir desta terça-feira, passou a veicular nas mesmas emissoras de rádio anúncio semelhante ao da Nemak. "Ainda hoje, vamos formalizar uma denúncia junto ao Ministério do Trabalho e Emprego para que esta chantagem seja apurada e punida com o rigor necessário", afirma Marcelino da Rocha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim.
Paralelamente, as empresas têm se apoiado em um forte aparato repressivo para intimidar os grevistas. Desde a manhã de ontem, homens da Tropa de Choque da Polícia Militar estão de prontidão nas imediações das fábricas e policiais à paisana circulam no local. Além disso, chefias têm sido orientadas a contatar trabalhadores por telefone com a tarefa de convencê-los a interromper a paralisação.
Apesar disso, em nova assembléia que será realizada esta tarde, com os metalúrgicos do terceiro turno de ambas as empresas, a greve deve ser mantida.