Em Minas, trabalhadores amanhecem em luta pela Democracia
Manifestantes saem em marcha pela BR-381 e fazem ato na portaria da Regap, em Betim
Publicado: 13 Março, 2015 - 15h45 | Última modificação: 13 Março, 2015 - 15h48
Escrito por: Rogério Hilário - CUT-MG
Milhares de manifestantes participaram na manhã desta sexta-feira (13) do Ato em Defesa da Petrobrás, da democracia, de direitos e da reforma política, em frente à Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim. Organizada pela Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), CTB, MST, MAB, Sindicato dos Petroleiros, Federação Única dos Petroleiros (FUP) e movimentos sociais, a mobilização começou às 5 horas, com a concentração em um posto de combustíveis na BR-381.
De lá, os manifestantes saíram em marcha até a portaria da Regap, fechando uma das pistas da rodovia, no sentido São Paulo, por cerca de 45 minutos. Durante a passeata, eles receberam o apoio de motoristas e motoboys que atenderam ao pedido de buzinaço. Na Petrobras, eles pararam ônibus e convocaram trabalhadores e trabalhadoras da empresa a participar da atividade. O ato se encerrou por volta das 9h30, quando os manifestantes cantaram o Hino Nacional. Nova mobilização foi realizada à tarde, com atos na Praça Afonso Arinos e marcha até a Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte.
Além de dirigentes da CUT Nacional, CUT/MG, CUTs Regionais Vale do Aço e Sul, CTB, MST, MAB e sindicatos CUTistas, como o Sind-UTE/MG, Sindieletro-MG, Sindimetro, Sindicato dos Metalúrgicos de BH e Contagem, Sinttel, compareceram ao ato militantes e dirigentes da Fetraf-MG, Feraemg, CNTE, movimentos sociais, estudantis e políticos. As manifestações em defesa da Petrobras, de direitos, da democracia e da reforma política também aconteceram em Juiz de Fora, Divinópolis, Uberlândia e Montes Claros.
O protesto na Praça da Cemig, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, previsto para as 9 horas desta sexta-feira foi cancelado. De acordo com os organizadores do ato, o cancelamento foi em função da desmarcação da visita da presidente Dilma Rousseff, no mesmo horário, a Belo Horizonte para participar de um evento do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Dilma cancelou nessa quinta-feira a vinda à capital. No lugar dela, virá o vice-presidente Michel Temer.
O movimento marcado para acontecer em 23 capitais pede que a Petrobras continue pública, investindo e gerando empregos, além de uma reforma no sistema político e o fim do financiamento privado de campanhas. CUT, CTB, sindicatos, federações, movimentos sociais e estudantis também protestaram contra as MPs 664 e 665, que retiram direitos de trabalhadores e trabalhadoras, e em defesa da democracia e contra a tentativa de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Para a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira, a união dos movimentos sindicais e sociais é fundamental neste momento em que a democracia, o patrimônio do povo brasileiro e os direitos da classe trabalhadora sofrem sérias ameaças. “Temos hoje, no Congresso, projetos como o que possibilita a terceirização sem limites, que não pode passar. E, deputados que elegemos para nos representar, não podem aprovar medidas que retiram direitos e responsablizam os trabalhadores pelo ajuste fiscal. Quem deve pagar são bancos, como o HSBC, que têm lucros absurdos.”
Segundo Beatriz Cerqueira, “não se combate a corrupção sem reforma política”. “Fazer uma reforma política, com o financiamento público de campanha, com a participação da classe trabalhadora e reformar a política nacional é fundamental diante da conjuntura nacional. Temos que banir de vez o financiamento privado do sistema político brasileiro”, afirmou.
A presidenta da CUT/MG enfatizou que o ato uniu os movimentos que defendem a democracia e qualquer retrocesso na política brasileira. “Quem não está aqui fez opção por uma pauta pelega, por omissão, por um desrespeito aos trabalhadores e trabalhadoras que dizem representar. Nós temos um lado, que é o lado da classe trabalhadora e não temos medo de vir para as ruas. Unimos o campo, a cidade, os estudantes para lutar contra as forças que buscam o retrocesso, que pregam o golpismo. O que está em jogo é a defesa da democracia. Não se pode tirar a legitimidade conseguida nas urnas. Este dia de luta é uma reação aos que querem a volta de um regime de direita neste país.”
“Estamos aqui com os irmãos na energia e no gás, os petroleiros. É importante para nós a proteção à Petrobras. Temos que evitar o desmanche com que vêm ameaçando a maior empresa brasileira, o maior patrimônio do povo brasileiro. Não vamos deixar que este desmanche aconteça. Mostramos que este ato é em defesa da Petrobras e do Brasil”, disse Jairo Nogueira Filho, secretário-geral da CUT/MG e coordenador-geral do Sindieletro-MG.
“Esta marcha em defesa da Petrobras, direitos e reforma política é essencial num momento em que há ameaça de golpe, representada pela tentativa de impeachment. Não queremos que o golpismo tome conta deste país”, afirmou o secretário de Comunicação da CUT/MG, Neemias Rodrigues. “Vamos às ruas para garantir que a Petrobras continue sendo do povo brasileiro, que não seja privatizada, como querem. Estamos nas ruas em todo o país para garantir nossos direitos”, disse Shakespeare Martins de Jesus, da Direção Nacional da CUT. “Vale a pena esta luta pela democracia, pela Petrobras. Nós queremos que os corruptos e corruptores sejam punidos e o rombo aos cofres da Petrobras seja ressarcido", justificou Leopoldino Martins, coordenador-geral da FUP.
“O MST e o MAB paramos as BRs do país por uma reforma agrária de fato. Mas estamos aqui para defender a Petrobras e dizer que se hoje os diretores do capital estão na cadeia e têm que permanecer na cadeia, é porque lutamos por isso. Não podemos aceitar que a Petrobras seja entregue a meia dúzia de ladrões. Se nós gritávamos ‘se a coisa engrossa, a terra é nossa’, hoje vamos gritar ‘se a coisa engrossa, a Petrobras é nossa’”, afirmou Ênio Bohnenberger, coordenador do MST.
“Esta marcha e esta são apenas o começo de uma longa caminhada. E o que está em jogo é a tentativa de transferência da Petrobras para o capital estrangeiro, de privatização. O jogo político está por trás do discurso sobre corrupção. O atual sistema político é o que decide depois os interesses em Brasília. Por isso defendemos a reforma política. Vamos também combater o golpismo e, para isto, retornaremos às ruas, em uma jornada de mobilizações, de lutas, no Brasil, para se construir um projeto democrático e popular”, disse Joceli Andrioli, do MAB.