Em novo fracasso, governo Bolsonaro só compra 3% de seringas necessárias para vacina
Ministério da Saúde adquiriu apenas 7,9 milhões das 331 milhões seringas previstas. Governo culpa preço alto cobrado pelos fornecedores
Publicado: 30 Dezembro, 2020 - 11h52 | Última modificação: 30 Dezembro, 2020 - 12h09
Escrito por: Redação RBA
Ainda sem nenhuma vacina aprovada pela Anvisa e sem data prevista para começar a imunização da população brasileira contra o novo coronavírus (Covid-19), o Ministério da Saúde também fracassou na primeira tentativa de comprar seringas e agulhas. Em pregão eletrônico realizado na última terça-feira (29), a pasta conseguiu adquirir apenas 7,9 milhões de unidades das 331 milhões planejadas. De acordo com técnicos, os preços cobrados pelos fornecedores estavam acima do que o governo queria pagar.
“Nesse momento, temos um ministério coordenado por alguém que não se antecipa. Precisamos de um ministro à altura do sistema de Saúde que os brasileiros construíram”, criticou Leandro de Oliveira, integrante do Conselho Municipal de Saúde de São Paulo (CMS-SP).
Por outro lado, o conselheiro afirmou, em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta quarta-feira (30), que, em São Paulo, autoridades estaduais e municipais de saúde “vêm fazendo sua parte”, na aquisição de insumos.
Segundo ele, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) disse ter estoque de 4,5 milhões de seringas. Outras 6 milhões de unidades estão em fase de licitação. Já o governo estadual espera receber outras 12 milhões. As informações foram transmitidas em reunião, na semana passada, entre a Covisa e CMS-SP, para coordenar os esforços logísticos da vacinação no município.
Contudo, o conselheiro apontou prejuízos à população pela falta de coordenação entre as esferas de governo, esforço que deveria ser realizado pelo ministério. Ele citou, por exemplo, o caso revelado, no mês passado, dos 6,8 milhões de kits de testes de covid-19 que não foram distribuídos. Problemas anteriores de gerenciamento e logística também haviam comprometido a compra de ventiladores e equipamentos de proteção individual (EPIs).
Tais testes, se aplicados numa estratégia que incluísse a participação dos médicos e vigilantes do Programa Saúde da Família, poderiam ter assegurado um maior controle da disseminação da doença, segundo o especialista. “Foram R$ 290 milhões jogados no lixo”, disse Leandro, sobre os kits de testes com validade que expira entre dezembro e janeiro.
Ademais, sobre as “loucuras” do presidente Jair Bolsonaro na condução da pandemia, o especialista lembrou que o CMS-SP se posicionou contrariamente à indicação da hidroxicloroquina. Diversos estudos não identificaram eficácia dessa medicação no tratamento dos sintomas da covid-19.