Escrito por: Thamara Ferreira, do SMABC

Em passeata, trabalhadores na Toyota protestam contra o anúncio de fechamento em SBC

Nesta sexta-feira (8), a partir das 10h, metalúrgicos realizarão mobilização com a participação dos familiares em frente a unidade da Toyota, em São Bernardo do Campo

Adonis Guerra/ SMABC

Os trabalhadores e trabalhadoras da Toyota de São Bernardo do Campo, que anunciou o fechamento da unidade esta semana, realizaram uma passeata na na manhã desta quinta-feira (07), saindo da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) e passando pela Rua Marechal Deodoro, principal rua de comércio de São Bernardo, até a Igreja Matriz.

A categoria que também decidiu paralisar as atividades por um dia nesta quinta, já havia aprovado entrega do estado de greve e o estado permanente de mobilização contra o fechamento da fábrica.

Nesta sexta-feira (8), com a participação dos familiares, os metalúrgicos realizam mais um protesto contra a decisão da empresa de fechar a planta da montadora na cidade, a partir das 10h, na portaria 2 da Toyota, que fica na Rua Max Mangels Senior, 1024, no bairro Planalto, em São Bernardo do Campo.

“A Toyota se vende como uma empresa que honra seus compromissos, mas não está honrando o compromisso que assumiu com estes trabalhadores de que não iria fechar a fábrica”, afirmou o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, durante manifestação dos trabalhadores.

O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, pontuou que a mobilização dos trabalhadores foi uma reafirmação da posição da entidade sindical para que a empresa abra uma mesa de negociação que discuta o futuro da fábrica. “A Toyota afirmou o tempo todo, inclusive provocada este ano, que manteria a planta de São Bernardo porque é uma fábrica lucrativa, estratégica e não tinha planos de encerramento da unidade”.

“O que o Sindicato reivindica nesta manifestação é a suspensão da decisão da Toyota e abertura de uma mesa de negociação com o poder público, Sindicato e empresa sobre o futuro e manutenção da montadora e os empregos dos trabalhadores que aqui estão em mais um dia de luta. Queremos que nessa negociação a Toyota apresente os resultados da planta de São Bernardo. Para que tenhamos condições de negociar a partir de informações concretas”, prosseguiu o dirigente.

A planta de São Bernardo foi a primeira unidade da Toyota fora do Japão e conta com cerca de 580 trabalhadores.

Na terça-feira (5), dia do anúncio do fechamento, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC divulgou uma nota dizendo ter recebido com surpresa a notícia do fechamento da  montadora.

De acordo com a nota, a montadora toma tal decisão de forma irresponsável com a falsa justificativa de otimização de custos. “Não há motivos plausíveis para o fechamento da planta, que é a primeira fábrica da Toyota fora do Japão”, diz trecho da nota.

Nos últimos anos, em toda as negociações com o Sindicato, a Toyota vinha insistindo que a planta não fecharia e que havia planos para a unidade e seus trabalhadores, segue a nota.

“A empresa chegou a comunicar o Sindicato que os produtos atuais garantiriam a permanência da fábrica pelos próximos três anos e afirmava que a unidade era produtiva, competitiva e lucrativa. Em todas as conversas com a montadora, pautamos questões relacionadas a investimento na planta”.

De acordo com os dirigentes do SMABC, a empresa poderia reorganizar a produção para se manter em São Bernardo ou trazer investimento, assim como vem fazendo em outras plantas. “Há outras alternativas que não o fechamento. Todos os argumentos são injustificáveis!”

A nota critica ainda a inércia do governo de Jair Bolsonaro (PL) para proteger os empregos e aquecer a economia.

“A falta de políticas voltadas para a indústria nas esferas estadual e federal acentua a situação. O Sindicato tem pautado políticas públicas que promovam o crescimento do setor industrial e garantam que as fábricas existentes possam se manter e até receber investimento, porém nem o governo do estado nem o governo federal tem se movimentado em defesa da indústria”.

A indústria de transformação que já representou um percentual elevado no PIB brasileiro hoje não passa de 10%, diz a nota, que conclui: “Isso é falta de uma política industrial. O Brasil necessita urgentemente de uma política industrial para que o setor possa voltar a gerar empregos. O ABC é mais um reflexo disso!”

 

 

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